Atitude Popular

Congresso entreguista usa pauta “antiterrorismo” para chantagear o governo e atacar o povo

Da Redação

Sob o disfarce de combater o crime e o terrorismo, o Congresso Nacional prepara uma ofensiva contra a democracia. Projetos de lei articulados às pressas ampliam poderes de repressão, criminalizam movimentos sociais e servem como moeda de troca política — mais uma chantagem de um Legislativo dominado por interesses oligárquicos e antipovo.

O que se apresenta como “pauta da segurança nacional” no Congresso, na prática, é um cavalo de Troia contra a democracia e contra o próprio governo. Deputados e senadores, muitos deles financiados por elites econômicas e grupos de interesse, articulam a votação conjunta de projetos “antifacção” e “antiterrorismo” — duas bandeiras que soam nobres no discurso, mas que escondem intenções sombrias.

O discurso da segurança pública é hoje o principal instrumento de chantagem política. Parlamentares que sempre se omitiram diante da miséria, da fome e do desmonte social agora se apresentam como “paladinos da lei e da ordem”. Mas o que se vê, por trás das palavras de efeito, é uma tentativa coordenada de militarizar a política, intimidar o governo e neutralizar movimentos populares.

Esses projetos, que deveriam tratar de segurança, estão sendo moldados para servir de mordaça institucional. Sob o pretexto de combater o crime organizado, abrem brechas para enquadrar manifestações sociais, greves, movimentos de moradia, sindicatos e coletivos populares como “organizações terroristas” ou “facções subversivas”.

O retorno do autoritarismo por via legislativa

Essa ofensiva não é isolada: ela faz parte de uma reconfiguração do poder no Brasil pós-golpe de 2016. O Congresso, capturado por interesses privatistas e por uma elite que teme a reorganização popular, atua hoje como bunker do neoliberalismo e laboratório da sabotagem institucional.

A mesma casa legislativa que engavetou pautas sobre taxação de bilionários, justiça fiscal e direitos trabalhistas agora corre para votar projetos que aumentam penas, ampliam a vigilância estatal e criminalizam a pobreza. É o velho truque: enquanto a violência real — a do desemprego, da fome e da concentração de renda — segue impune, o Estado volta sua força contra os de baixo.

Na retórica do “combate às facções”, o Congresso tenta se blindar e, de quebra, oferecer ao sistema financeiro e à elite armamentista um novo ciclo de lucros. Quanto mais leis de exceção, mais contratos de segurança privada, mais monitoramento digital, mais compra de armas e tecnologia de vigilância. O medo é o novo motor da acumulação.

A chantagem permanente contra o governo Lula

A pressa em votar as pautas “antifacção” e “antiterrorismo” tem um objetivo político imediato: chantagear o governo federal. O Congresso sabe que o Planalto, acuado pela mídia e pelo rentismo, depende de alianças delicadas para aprovar suas agendas econômicas e sociais. Ao colocar o tema da “segurança” em pauta, os parlamentares pressionam o governo a ceder recursos, cargos e concessões políticas.

Trata-se de uma manobra clássica: fabricar crises morais e mediáticas para arrancar vantagens orçamentárias. Sob esse jogo, o povo brasileiro perde sempre — seja pela redução de direitos, seja pelo desvio de verbas públicas para emendas secretas e privilégios corporativos.

Enquanto os parlamentares falam em “combater o crime”, negociam nos bastidores os lucros de suas bancadas financiadas por setores de segurança privada, mineradoras, agronegócio e bancos. É um Congresso refém do capital, mas feroz com o trabalhador.

O risco da criminalização da dissidência

A versão ampliada dos projetos “antiterrorismo” é particularmente perigosa. Inspirada em moldes norte-americanos e europeus, ela permite enquadrar manifestações políticas sob o rótulo de “terrorismo interno”. Na prática, significa que movimentos sociais, sindicatos, professores e jornalistas podem ser vigiados, investigados e processados por “perturbar a ordem pública”.

Essa lógica, importada do discurso de segurança dos EUA, não tem nada a ver com a realidade brasileira. O país não sofre ameaças terroristas internacionais — sofre, sim, com um terrorismo institucionalizado da fome, da violência policial e do abandono do Estado. Mas isso, claro, não entra nas discussões do Congresso, porque não interessa às elites que se beneficiam da desordem.

O perigo é real: sob o falso combate ao crime, o Legislativo quer instaurar uma nova forma de controle político e psicológico das massas. A ideia de “segurança total” é sedutora, mas conduz ao autoritarismo — e, no Brasil, esse autoritarismo sempre mira o pobre, o negro e o militante.

Congresso anti-povo, país em risco

A atual composição do Congresso Nacional é talvez a mais reacionária desde a redemocratização. Formada majoritariamente por representantes das elites econômicas, do agronegócio e das igrejas ultraconservadoras, a Câmara transformou-se num balcão de negócios. Cada votação é uma moeda de troca, cada projeto de lei, um instrumento de pressão.

Enquanto o povo luta por moradia, saúde e salário digno, o Legislativo se ocupa em blindar privilégios e atacar o Executivo. A pauta “antiterrorismo” é apenas o capítulo mais recente dessa ofensiva contra o Brasil popular e soberano.

O mesmo Congresso que se cala diante da entrega do pré-sal, da sabotagem à Petrobras e da privatização de estatais corre para aprovar leis que reforçam o aparato de vigilância e criminalizam o protesto. São os mesmos rostos que apoiaram o golpe de 2016, a destruição de direitos trabalhistas e a prisão política de Lula. Agora, sob o verniz da “lei e da ordem”, pretendem consolidar o Estado policial.

Conclusão

O Congresso brasileiro vive hoje divorciado do povo e aliado ao capital. Sua pauta não é a segurança pública, mas a segurança do poder econômico. Enquanto o país tenta reconstruir sua democracia, o Legislativo age como força de sabotagem, vendendo medo para manter privilégios.

Os projetos “antiterrorismo” e “antifacção” não são instrumentos de justiça — são ferramentas de controle, chantagem e submissão. Ao invés de enfrentar o crime real, o Congresso prefere criminalizar o cidadão. Ao invés de combater o terror das elites, escolhe perpetuar o terror de Estado.

No fim das contas, o maior inimigo da democracia brasileira não está nas ruas nem nas facções — está dentro do próprio Congresso Nacional.