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Embraer bate recorde de receita no 3º trimestre de 2025 e mostra força industrial brasileira

Da Redação

A Embraer registrou receita recorde de R$ 10,9 bilhões no 3º trimestre de 2025, crescimento de cerca de 16% sobre o ano anterior. Mesmo com parte dos lucros pressionados, o desempenho aponta para a retomada da indústria aeronáutica nacional e fortalece a perspectiva de soberania tecnológica no Brasil.

A Embraer, fabricante brasileira de aeronaves com sede em São José dos Campos (SP), divulgou nesta semana um balanço que reúne números expressivos e sinais estratégicos para o Brasil. No terceiro trimestre de 2025, a empresa anotou uma receita de R$ 10,9 bilhões, o valor mais alto já registrado pela companhia para o período — o que representa um crescimento de aproximadamente 15,8% a 16% em relação aos R$ 9,3 bilhões anotados no mesmo trimestre de 2024.

Esse avanço vem em um momento de transição global da aviação, em que a demanda por jatos regionais, executivos e por serviços de defesa tem se acentuado. Na Embraer, os segmentos de Aviação Comercial e Defesa & Segurança registraram taxas de crescimento de receita de 27,5% e 23,8%, respectivamente, no terceiro trimestre em comparação ao ano anterior. A empresa também entregou 62 aeronaves no período, número que representa cerca de 5% a mais do que as 59 entregues no mesmo trimestre de 2024.

Apesar desse desempenho robusto de receita e de entregas, o lucro líquido ajustado da companhia no trimestre foi de R$ 289,4 milhões — uma queda significativa em relação ao R$ 1,2 bilhão registrado no terceiro trimestre de 2024. A queda se explica em grande medida por um item não recorrente registrado no ano anterior (um acordo de arbitragem que favoreceu a empresa), o que torna a comparação direta entre os dois anos menos linear. Também houve retração nas margens operacionais, com Ebit ajustado e Ebitda ajustado registrando queda expressiva.

Ainda assim, o que chama atenção é o salto de receita em um contexto global desafiador: inflação em alta, câmbio volátil, custos de insumos pressionados e cadeias de suprimento complexas. O desempenho mostra que a Embraer está se beneficiando de uma combinação de fatores — aumento de entregas, demanda internacional por jatos regionais/leves, expansão no setor de defesa e crescimento de serviços de suporte — que a coloca em posição estratégica dentro da indústria aeronáutica global.

Do ponto de vista industrial e de soberania tecnológica, o sucesso da Embraer tem implicações muito importantes para o Brasil. Primeiro: demonstra que o país é capaz de competir globalmente na aviação, em produção de alta tecnologia e entrega em escala — o que reforça o discurso de “indústria de ponta” e não simplesmente de fornecedora de insumos. Segundo: fortalece a cadeia produtiva nacional — fornecedores brasileiros, centros de manutenção, serviços de suporte técnico — o que reduz vulnerabilidades externas. Terceiro: cria condição de ampliar exportações, diversificar mercados e captar know-how tecnológico que pode ser usado em setores correlatos, como aeroespacial, satélites e mobilidade urbana avançada.

Do ponto de vista da economia brasileira, o resultado da Embraer aparece como um sinal positivo em meio a um cenário mais amplo de recuperação. A empresa representa uma vitrine da indústria de valor agregado, diferente de commodities ou setores de baixa tecnologia. Seu desempenho pode estimular investimentos, atrair parcerias internacionais e gerar empregos qualificados. Além disso, contribui para a diversificação da pauta exportadora brasileira — um dos pilares de uma estratégia de desenvolvimento soberano.

Entretanto, há cuidados a serem observados. A queda dos lucros mostra que a Embraer ainda está exposta a riscos: insumos importados, variação cambial, pressões tarifárias e acordos internacionais que podem afetar margens. A projeção de entregas e a carteira de pedidos são robustas, mas dependem da continuidade da demanda global e da estabilidade da cadeia de suprimento. A empresa também precisa manter níveis de inovação, gestão de custos e adaptação tecnológica para sustentar esse crescimento.

Em síntese, o balanço do terceiro trimestre de 2025 da Embraer confirma que o Brasil possui protagonistas industriais capazes de alcançar patamares elevados. Mesmo com margens desafiadoras, o salto de receita e entregas fortalece o discurso de autonomia produtiva, valor agregado nacional e integração tecnológica global. Este resultado dá fôlego à agenda de soberania industrial e informacional no Brasil, mostrando que é possível crescer com tecnologia, serviços e exportações de valor agregado — não apenas com matérias-primas.