Atitude Popular

Ricardo Galvão anuncia que assume vaga de Boulos na Câmara dos Deputados

Da Redação

O físico e presidente do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), Ricardo Galvão, confirmou nesta quarta-feira que aceitará assumir o mandato na Câmara dos Deputados deixado por Guilherme Boulos, após este ter sido nomeado ministro no governo federal. A movimentação sinaliza o protagonismo da ciência e tecnologia no Congresso e abre nova frente de atuação parlamentar para Galvão.

O físico Ricardo Galvão, filiado à Rede Sustentabilidade por São Paulo, anunciou que aceitará a vaga de deputado federal deixada por Guilherme Boulos (PSOL-SP), que assumiu cargo ministerial no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Galvão é o primeiro suplente da lista de Boulos e obteve 40.365 votos nas eleições de 2022. Ele informou que deixará a presidência do CNPq para dedicar-se ao mandato parlamentar. A decisão foi tomada após conversas com o próprio Boulos e com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, aliada política de Galvão.

Na presidência do CNPq desde janeiro de 2023, Galvão esteve à frente de programas de apoio à pesquisa científica, como o “Conhecimento Brasil”, e reforçou a necessidade de financiamento público robusto para ciência e tecnologia. Ele afirmou que sua atuação na Câmara terá foco nas comissões de Ciência e Tecnologia, na articulação orçamentária para 2026 e na defesa das instituições de pesquisa perante cortes de recursos.

Para Boulos, a saída para o ministério e a entrada de Galvão reforçam a aliança entre esquerda, ambiente e ciência. Já para Galvão, o ingresso no Legislativo nacional representa uma transição do mundo acadêmico para o legislativo — enquanto mantém o compromisso com agendas de sustentabilidade, soberania tecnológica e pesquisa pública.

A movimentação, porém, também levanta debates: críticos perguntam se Galvão, aos 77 anos, manterá fôlego político para enfrentar as dinâmicas da Câmara, e como será sua articulação partidária em um ambiente de alta polarização.
Para a Rede Sustentabilidade e para a bancada da ciência, o ingresso de Galvão representa um reforço simbólico: a presença de um cientista de destaque no Congresso contrasta com a predominância de parlamentares cujo histórico é ligado a interesses econômicos ou clientelistas.

O processo de posse deverá seguir os trâmites regimentais da Câmara, com convocação formal e recebimento dos documentos de Boulos oficialmente. Galvão colocou prazos curtos para transição, tanto da presidência do CNPq quanto da instalação da equipe parlamentar.
Seu mandato promete colocar no centro do debate a ciência-pública como parte da soberania nacional, especialmente em áreas estratégicas como semicondutores, biotecnologia e pesquisa internacional. Ele afirmou que “não basta produzir conhecimento; é preciso que o Brasil tenha poder de decisão sobre seu próprio sistema científico”.