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Israel retoma bombardeios em Gaza após cessar-fogo ameaçar ruir

Da Redação

O cessar-fogo entre Israel e o Hamas, mediado por potências internacionais e anunciado há poucos dias, foi rompido neste domingo, 19 de outubro de 2025. Israel lançou uma nova série de bombardeios aéreos e terrestres sobre a Faixa de Gaza, alegando que militantes palestinos teriam atacado suas tropas nas proximidades de Rafah. O episódio marca o colapso da trégua e reacende a escalada de violência em uma região devastada pela guerra.

Um cessar-fogo que nunca existiu de fato

Segundo o Exército israelense, o ataque seria uma resposta a “mísseis e disparos de morteiro” vindos de áreas controladas pelo Hamas. No entanto, autoridades palestinas afirmam que os israelenses jamais respeitaram o cessar-fogo, que teria sido violado dezenas de vezes desde o primeiro dia.

O Escritório de Imprensa de Gaza informou que, apenas nesta semana, Israel já havia conduzido quase cinquenta ataques aéreos e de artilharia, resultando na morte de dezenas de civis, incluindo mulheres e crianças. A trégua, na prática, teria servido apenas para reagrupamento militar e reposicionamento estratégico das forças israelenses.


Mortes e destruição em Gaza

Os novos bombardeios atingiram as cidades de Rafah, Khan Younis e Gaza City. Hospitais relatam superlotação, falta de medicamentos e colapso total de energia. Equipes médicas afirmam que muitos feridos foram atingidos dentro de áreas residenciais e campos de refugiados.

Imagens divulgadas por jornalistas locais mostram bairros inteiros reduzidos a escombros, com sobreviventes cavando entre ruínas para encontrar familiares. Organizações humanitárias denunciam que Israel vem utilizando bombas de fragmentação e munições proibidas por convenções internacionais.


A resposta do Hamas e o caos político

O Hamas nega ter violado o cessar-fogo e acusa Israel de tentar sabotar as negociações em curso com o Egito e o Catar. Porta-vozes do movimento afirmaram que o governo israelense “nunca quis a paz” e que os ataques são parte de uma estratégia para destruir qualquer possibilidade de acordo duradouro.

Dentro de Israel, o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu enfrenta críticas internas e crescente isolamento internacional. A ala militarista de seu governo, dominada por ministros ultranacionalistas, pressiona por retaliações cada vez mais duras. A oposição, por outro lado, o acusa de prolongar o conflito por conveniência política, com o objetivo de manter coesa sua base de extrema-direita.


A tragédia humanitária e o silêncio das potências

A ONU e diversas ONGs relatam que a situação em Gaza é “catastrófica”. Milhares de famílias vivem sem abrigo, com escassez de água potável e alimentos. A destruição das principais vias de acesso impede a entrada de ajuda humanitária. O número de órfãos cresce diariamente, e muitos corpos permanecem sob os escombros.

Enquanto isso, o mundo assiste com omissão. As potências ocidentais, que participaram da mediação do cessar-fogo, evitam condenar abertamente Israel. Washington limitou-se a pedir “contenção de ambas as partes”, uma fórmula diplomática que, na prática, iguala ocupante e ocupado, agressor e vítima.

Já países do Sul Global — como Brasil, África do Sul, Irã e Turquia — condenaram os bombardeios, classificando as ações israelenses como violação flagrante do direito internacional e genocídio em curso.


A diplomacia do cinismo

O rompimento do cessar-fogo também expõe o fracasso das potências ocidentais em agir como mediadoras imparciais. Os acordos de trégua têm servido, reiteradamente, como cortinas de fumaça para que Israel reorganize suas forças e mantenha o controle territorial e logístico da Faixa de Gaza.

A chamada “guerra contra o Hamas” tornou-se um pretexto permanente para a destruição da infraestrutura civil palestina: escolas, hospitais, universidades, prédios residenciais, centrais elétricas e até abrigos supervisionados pela ONU têm sido alvos sistemáticos.


Uma guerra contra a Palestina, não apenas contra o Hamas

Os analistas mais críticos apontam que Israel, amparado por Washington e Londres, transformou o cessar-fogo em ferramenta de guerra híbrida: uma forma de esvaziar o discurso humanitário e normalizar a barbárie. O bombardeio de Gaza não é apenas resposta militar — é parte de um projeto de limpeza étnica e anexação permanente.

A retórica israelense, ao culpar o Hamas por cada violação, mascara o fato de que o bloqueio de Gaza é, por si só, um crime contínuo. Enquanto isso, o mundo árabe reage com indignação, e movimentos sociais em várias partes do planeta convocam protestos em solidariedade ao povo palestino.


Conclusão

O dia 19 de outubro de 2025 entra para a história como mais um capítulo sangrento da tragédia palestina. O cessar-fogo, frágil desde o início, ruiu diante da brutalidade de uma potência militar que age com total impunidade.

A cada ataque, Gaza se transforma em ruína; e a cada ruína, cresce a convicção de que a paz só virá quando o mundo encarar Israel não como vítima eterna, mas como potência ocupante responsável por um genocídio em curso.

Enquanto bombas caem, o povo palestino resiste — e sua resistência, mais do que nunca, é o grito de toda a humanidade que ainda acredita em justiça.

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