O cuidado nutricional salva vidas, evita adoecimentos e precisa estar na linha de frente do SUS. A defesa foi feita por Yngrid Bandeira, pós-graduada em nutrição esportiva e em cirurgia bariátrica, em entrevista ao Café com Democracia. A conversa foi conduzida por Luiz Regadas e exibida pela Rádio e TV Atitude Popular. Esta matéria se baseia na entrevista publicada pelo canal.
“É bom que vocês tenham a nutricionista de vocês”, disse Yngrid, ao enfatizar que orientação alimentar qualificada reduz pressão arterial, colesterol, diabetes e sobrepeso, especialmente quando associada a atividade física, sono e manejo do estresse. A nutricionista relatou a experiência no NASF em Quixadá, onde atendeu agricultores que produziam alimentos, mas não usufruíam do que cultivavam por falta de informação. “A gente está aqui para dar informação certa para as pessoas chegarem à saúde e qualidade de vida que elas precisam”, afirmou.
O desenho atual da atenção básica, segundo Yngrid, ainda é marcado por um modelo medicalizado que coloca o médico como única porta de entrada. Ela defendeu a presença estruturada de nutricionistas e psicólogos nas Unidades de Saúde da Família, com sala dedicada e trabalho educativo contínuo. “Faltam políticas públicas que coloquem o profissional de nutrição na linha de frente. Quando isso acontece, o paciente muitas vezes nem chega à doença”, avaliou, ao citar ações preventivas, palestras e campanhas que poderiam ser rotina no território.
Sobre obesidade e cirurgia bariátrica, Yngrid foi direta. “Obesidade é uma doença complexa. Muitas vezes o adoecimento é mais pelo estilo de vida e por eventos da vida do que pela comida em si.” Ela explicou que alimentação vira válvula de escape para dor emocional e que o acompanhamento multiprofissional antes e depois da cirurgia é decisivo. De um lado, há casos em que a bariátrica é a indicação segura, sobretudo diante de risco iminente. De outro, o acompanhamento nutricional bem feito, somado a exercícios e higiene do sono, pode levar parte dos pacientes a desistir do procedimento. “Quanto mais bem nutrido o paciente está, mais fácil é emagrecer com qualidade”, resumiu.
A especialista detalhou os métodos mais usuais. No sleeve, há redução do estômago sem alteração do intestino. No bypass, além da redução gástrica, existe desvio intestinal, o que impacta absorção de vitaminas, minerais e enzimas digestivas. “O paciente precisa estar ciente de que a cirurgia exige cuidados no pós-operatório e, muitas vezes, suplementação de nutrientes ao longo da vida”, explicou.
No capítulo da nutrição esportiva, Yngrid destacou que a prática regular de exercícios melhora a saúde mental e sustenta a perda de peso sem sofrimento. “Correr é um desafio com você mesmo. Para ter energia e performance, a nutrição adequada é indispensável.” Ela defendeu incentivos educacionais e sociais ao esporte escolar, com metas de frequência e reconhecimento do rendimento de modalidades além do futebol.
A entrevista trouxe um retrato do que falta e do que já funciona. Falta política pública que torne o nutricionista acessível na atenção primária e integre educação alimentar ao cotidiano dos postos. Funciona quando equipes visitam comunidades, identificam riscos e acolhem histórias de vida antes de prescrever cardápios. “A nutrição é uma profissão do futuro”, definiu Yngrid, ao chamar o público a valorizar o acompanhamento contínuo e a cultura da prevenção.
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