Atitude Popular

“A palavra de ordem é não me rendo, não me entrego”

Henrique Pizzolato discute no Democracia no Ar como sanções, bloqueios e o sistema financeiro global desafiam a soberania do Brasil

No programa Democracia no Ar desta quarta-feira, transmitido pela TV e Rádio Atitude Popular, a soberania financeira esteve no centro do debate. O convidado foi Henrique Pizzolato, sindicalista e ex-diretor do Banco do Brasil, que discutiu os impactos das sanções internacionais, do sistema financeiro global e da guerra pelo controle dos meios de pagamento. O jornalista e pesquisador Rey Aragon participou com comentários e a condução foi de Sara Goes.

Logo na abertura, Pizzolato destacou que o sistema financeiro, embora facilite a vida das pessoas, é também um poderoso mecanismo de controle. “Quando você corta o oxigênio financeiro de alguém, bloqueando contas e acesso a crédito, você asfixia vidas inteiras antes mesmo de qualquer julgamento”, afirmou, relacionando a prática ao uso político da chamada lawfare.

O ex-diretor do Banco do Brasil recuperou sua experiência no comando da instituição para ilustrar desigualdades estruturais do país. Ele lembrou que, nos anos 1990, mais da metade da poupança do Nordeste era transferida para o eixo Sul-Sudeste, revelando como a concentração bancária acentuou disparidades regionais. Defendeu, como alternativa, modelos descentralizados de bancos comunitários e cooperativos, que poderiam manter o dinheiro circulando nas próprias comunidades.

Outro ponto central do debate foi o Pix, criado pelo Banco Central, que Pizzolato descreveu como “uma invenção genial que desmonta parte do império do dólar e das bandeiras de cartões de crédito”. Para ele, ao eliminar intermediários, o sistema se tornou um fator de soberania e liberdade econômica popular. Sara Goes reforçou essa visão com uma metáfora: “O Pix é como uma estrada pública sem pedágios, enquanto o cartão de crédito é uma estrada privatizada que cobra taxas invisíveis a cada consumo”.

Rey Aragon ampliou a análise para o campo geopolítico, relacionando as sanções conhecidas como Lei Magnitsky à tentativa dos Estados Unidos de desestabilizar o governo Lula. Ele lembrou que reservas internacionais brasileiras — em grande parte depositadas no exterior — podem se tornar alvo de bloqueio, como já ocorreu com Venezuela, Rússia e Irã. “Trump mira a soberania financeira porque sabe que o Brasil, com o Pix e a agenda de desdolarização nos BRICS, está criando alternativas reais ao sistema dominado por Washington”, avaliou.

Pizzolato alertou para os riscos, mas também para as oportunidades: “O dólar virou arma de chantagem. Cada vez que eles usam essa força, mais países buscam alternativas. O Brasil tem a chance de liderar esse movimento, mas precisa criar uma cesta de moedas, fortalecer suas reservas e investir em sistemas próprios”. Ele concluiu reafirmando sua resistência: “A palavra de ordem é não me rendo, não me entrego. Precisamos repensar o sistema financeiro para garantir de fato a soberania”.

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