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Acordo UE-Mercosul avança enquanto tarifas de Trump pressionam o comércio global

Da Redação

O Conselho da União Europeia validou o texto final do acordo com o Mercosul, em meio à crescente guerra tarifária liderada pelos EUA, que impõe barreiras de até 50% ao Brasil e cria perdas potenciais para a economia global.

Nesta quarta-feira, 3 de setembro de 2025, o Conselho da União Europeia aprovou o texto final do acordo de livre comércio com o Mercosul, abrindo caminho para sua ratificação pelo Parlamento Europeu — que exige a aprovação de 15 dos 27 países da UE para sua entrada em vigor. O pacto, negociado ao longo de décadas, prevê a eliminação progressiva de tarifas sobre até 92% das exportações entre os dois blocos.

O avanço ocorre justo quando o Brasil enfrenta tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos, parte de uma escalada protecionista liderada por Donald Trump. Economistas veem o acordo como uma estratégia para contornar o impacto negativo desses obstáculos comerciais. Estima-se que, a curto prazo, o pacto pode elevar em mais de US$ 7 bilhões as exportações brasileiras à UE, e injetar R$ 37 bilhões no PIB nacional até 2044. O presidente Lula expressou otimismo de que o acordo seja formalizado ainda em 2025, durante a presidência brasileira no Mercosul.

Para mitigar a crescente resistência de setores agrícolas europeus — especialmente na França e Polônia —, Bruxelas propôs mecanismos de salvaguarda robustos. Caso haja aumento de exportações excedendo 10% ou queda de preços, uma investigação automática pode ser aberta. Foi também ampliado o fundo anual de compensação emergencial, agora próximo de € 1 bilhão, com possibilidade de suspensão de tarifas caso se comprove prejuízo. Essas medidas visam acalmar opositores antes da votação final, prevista para até dezembro.

O pacto é considerado um golpe estratégico não apenas do ponto de vista econômico, mas também geopolítico. Cria um mercado de cerca de 700 milhões de consumidores, com benefícios como redução de tarifas sobre automóveis, bebidas, chocolates e azeite. Além disso, fortalece a autonomia da UE diante das pressões tarifárias dos EUA — oferecendo uma nova rota para exportações industriais e agrícolas, e apoiando empregos no setor automotivo e agroalimentar.