Da Redação
Ala do bolsonarismo avalia que insistência de Eduardo Bolsonaro em anistia ampla pode inviabilizar negociações para aliviar a situação do pai e desgastar a direita na disputa por 2026.
Uma ala importante do bolsonarismo passou a demonstrar forte preocupação com os movimentos do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP). O temor é que sua estratégia de confrontar instituições brasileiras e pressionar por uma anistia ampla, geral e irrestrita torne inviáveis os acordos que poderiam beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro no Congresso.
O desconforto aumentou depois das articulações feitas por Eduardo nos Estados Unidos, em alinhamento com o governo Donald Trump e aliados da extrema-direita internacional. Líderes do Centrão, que ainda preservam espaços de negociação com Jair, não admitem publicamente o incômodo para evitar desgaste direto com o ex-presidente. Mas, em conversas reservadas, até aliados próximos reconhecem que o filho tem atrapalhado.
A preocupação imediata recai sobre a proposta em discussão na Câmara dos Deputados que busca rever a dosimetria e reduzir penas de condenados por tentativa de golpe de Estado. Esse seria um caminho viável para oferecer algum alívio a Bolsonaro, que teme uma eventual prisão tanto pela duração da pena quanto por questões de saúde.
Segundo relatos, Jair Bolsonaro enviou emissários para conversar com Eduardo, pedindo moderação. O deputado, no entanto, não recuou. Ao contrário, tem dobrado a aposta em declarações duras contra autoridades brasileiras e na defesa de mais sanções internacionais, inclusive com base na chamada Lei Magnitsky, que poderia ser usada pelos EUA para atingir magistrados e membros do sistema de Justiça no Brasil.
Para aliados mais pragmáticos, essa postura inviabiliza qualquer costura política. Eles avaliam que não existe espaço no Congresso para aprovar uma anistia total, e insistir nesse caminho apenas desgasta o campo da direita e enfraquece a preparação eleitoral para 2026.
O clima interno é de irritação. Parlamentares e líderes que ainda defendem Jair Bolsonaro acreditam que Eduardo, ao manter a linha dura, coloca em risco não só a estratégia de sobrevivência política do pai, mas também a unidade da oposição.
Do outro lado, Eduardo encontrou respaldo em apoiadores de linha radical. O empresário e influenciador Paulo Figueiredo declarou que seguirá ao lado do deputado e ironizou os críticos dentro do bolsonarismo, afirmando que “se forem chorar, que mandem áudio, porque vai piorar e eles não podem fazer nada”.
Nas redes sociais, Eduardo reforçou sua posição: “Estou disposto a ir até as últimas consequências para conseguir a anistia ampla e irrestrita. Será vitória ou vingança, mas não haverá meio-termo.”
A divisão expõe de forma clara as duas faces do bolsonarismo: uma ala pragmática, disposta a negociar saídas dentro do Congresso, e outra, liderada por Eduardo e seus aliados, que prefere apostar no confronto absoluto, mesmo que isso signifique implodir a estratégia de sobrevivência do próprio Jair Bolsonaro.