Radialista Júnior Ximenes alerta para a crise de empregos na Serra da Ibiapaba, critica o abandono da agricultura e defende criatividade, concursos públicos e apoio real aos produtores
O programa Café com Democracia, da TV Atitude Popular, recebeu nesta segunda-feira (29) o radialista Júnior Ximenes, direto da Serra da Ibiapaba, no Noroeste do Ceará. Em conversa com Luiz Regadas, ele fez um diagnóstico duro sobre os entraves que dificultam a geração de empregos na região e apontou caminhos para enfrentar o problema.
“O maior gerador de emprego e renda do mundo é o turismo, mas aqui falta criatividade e ação”, afirmou Ximenes. Segundo ele, o setor de serviços e o comércio varejista têm sido os principais responsáveis por manter a economia local, enquanto a agricultura, que já foi o grande motor da serra, se encontra abandonada.
Agricultura esquecida e desmatamento
O radialista lembrou que, em décadas passadas, as feiras da região eram abastecidas por frutas produzidas na própria serra, mas hoje parte significativa vem da Bahia. “É um absurdo ver a terra fértil da Ibiapaba sem o devido apoio aos agricultores. Muitos terrenos estão ociosos, outros viraram loteamentos. O desmatamento avançou e mudou até o clima”, lamentou.
Para Ximenes, o abandono da agricultura está ligado à falta de gestão pública qualificada. “As secretarias de agricultura muitas vezes viram cabide de emprego. Em vez de técnicos agrícolas, colocam indicados políticos que nada entendem do assunto”, criticou.
Potencial turístico e falta de visão
O entrevistado defendeu que o turismo religioso, cultural e ecológico poderia ser um forte gerador de empregos permanentes, mas as prefeituras ainda tratam o setor de forma episódica. “Nos Estados Unidos, até locais de tragédias são transformados em pontos turísticos que geram renda. Aqui temos belezas naturais e históricas incríveis, mas falta visão”, afirmou.
Concursos públicos e clientelismo
Outra crítica direta foi ao uso político da contratação temporária em detrimento de concursos públicos. “Prefeito não quer concurso porque o contratado vira cabresto eleitoral. Já o concursado tem independência para dizer que passou por mérito. Essa é a forma correta de gerar empregos, mas a maioria só faz concurso quando o Ministério Público obriga”, disse.
Juventude sem perspectivas
A saída de jovens para o Sul, Sudeste e até o exterior também foi abordada. “Muitos vão embora para trabalhar de servente, garçom ou pedreiro, sem perceber que poderiam sobreviver com dignidade aqui, se houvesse apoio e incentivo. Estamos caminhando para um cenário em que vai faltar agricultor, pedreiro e servente na própria região”, alertou.
Responsabilidade dos municípios
Para Ximenes, a mudança começa pelas gestões locais. “Não adianta esperar só do presidente ou do governador. O município é a base do país. Se o prefeito fizer o dever de casa, gerar empregos, apoiar a juventude, já estará tirando gente da criminalidade e fortalecendo o Brasil”, resumiu.
No encerramento, o radialista defendeu ainda a valorização da educação pública. “Eu só vou acreditar numa educação boa no Brasil quando for aprovada uma lei obrigando filhos de prefeitos, vereadores e deputados a estudarem em escola pública. Enquanto isso não acontecer, vão continuar fingindo que cuidam da educação”, concluiu.
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