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Arquivos revelam que chefe da contrainteligência da CIA favoreceu espiões israelenses

Do GreyZone

Novos documentos desclassificados mostram que James Angleton, chefe de contrainteligência da CIA, montou uma rede secreta de agentes ligados a Israel e teria facilitado roubo de material nuclear e resgate de militantes.

Em 15 de agosto de 2025, foram publicados arquivos anteriormente censurados que revelam o grau de envolvimento do ex-chefe de contrainteligência da CIA, James Angleton, em atividades que favoreceram as operações de inteligência israelenses, muitas delas sem o conhecimento do Congresso ou de outros setores da própria agência.

Os documentos indicam que Angleton gerenciava informalmente um grupo de exilados judeus e agentes israelenses dentro da CIA — operando fora dos canais formais e sem autorização legislativa. Esses agentes produziram milhares de relatórios sobre a União Soviética nas décadas de 1950 e 1960, incluindo a divulgação do famoso discurso secreto de Kruschev, que teve impacto direto nas revoluções húngara e polonesa.

Além disso, os arquivos revelaram que Angleton teria autorizado o resgate de integrantes do grupo Irgun responsáveis por um atentado à embaixada britânica em Roma durante a década de 1940. Esses militantes foram libertados pela CIA, evitando enfrentamento com autoridades italianas.

Outro ponto crítico revelado é a participação de Angleton na omissão de evidências sobre o desvio de material nuclear dos EUA para a construção de armas israelenses, ocorrida na usina nuclear NUMEC. Segundo relatos, o espião sabatou investigações internas, protegendo a construção de capacidades atômicas israelenses e privilegiando relações de cooperação com Tel Aviv em detrimento da política de não proliferação.

Os documentos também mostram que Angleton falseou depoimentos perante o Senado, omitindo sua ligação com espionagem nuclear e evitando responder perguntas diretas sobre a colaboração com o Mossad. O grau de transparência dessas ações era mínimo, e ele chegou a admitir ter evitado a aprovação do Congresso para esses acordos.

Historicamente visto como arquiteto da colaboração estratégica entre CIA e Mossad, Angleton era reverenciado em Israel — ponto que ganhou evidência com reportagens que mostram ex-chefes de inteligência israelenses prestando homenagem ao agente após sua morte.

As divulgações indicam um padrão consistente de conduta: Angleton teria sistematicamente priorizado os interesses israelenses em sua atuação na CIA, tanto em termos de espionagem quanto em apoio a operações clandestinas em solo americano.