Da Redação
Investigação revela que aeronaves avaliadas em mais de R$ 60 milhões são formalmente registradas em nome de contador, levantando questões sobre intermediação suspeita e ocultação de bens.
Investigação jornalística apontou que aviões vinculados à figura de Rueda — pessoa de interesse em apurações políticas — possuem valor estimado superior a R$ 60 milhões. Contudo, no registro formal, as aeronaves constam em nome de um contador, que aparece como proprietário legal das máquinas.
A discrepância entre quem, de fato, utiliza ou se beneficia das aeronaves e quem figura oficialmente nos documentos levanta suspeitas de intermediação ou blindagem patrimonial. Formalmente, o contador detém o título legal dos bens, mas não há clareza sobre quem exerce controle real ou faz uso efetivo das aeronaves.
Fontes próximas à apuração informam que ao menos três jatos ou aviões de porte médio-grande estão envolvidos. Os valores incluem tanto os custos de aquisição quanto os de importação, manutenção, registro e impostos — itens que somados elevam o valor total para além dos sessenta milhões de reais.
Especialistas em direito tributário e em regulação aeronáutica observam que ocultar titularidade real de bens de alto valor pode configurar prática de elisão fiscal ou, em casos extremos, lavagem de dinheiro, dependendo dos recursos usados para financiar as aquisições e manter os aviões. Há também riscos de fraudes patrimoniais ou de omissão de patrimônio em declarações públicas obrigatórias.
Órgãos de fiscalização e investigação estão sendo provocados a averiguar documentos de importação, registros da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC), declarações de Imposto de Renda e eventual uso dos aviões em voos privados que possam ser incompatíveis com a titularidade oficial. Caso se confirme que Rueda ou seus associados exerçam controle de fato, poderá haver responsabilidade criminal ou civil.
Além disso, a questão adquire dimensão simbólica: aviões são símbolos visíveis de poder, luxo e privilégio. Em meio ao debate sobre transparência, enriquecimento ilícito e responsabilidade pública, casos como este alimentam indignação e reforçam a urgência de leis mais rígidas contra dissimulação patrimonial de agentes públicos ou influentes figuras políticas.