Atitude Popular

Bolsonarismo radicaliza

Com apoio internacional e redes internas armadas, o bolsonarismo radicaliza e aposta no caos para tentar escapar da justiça e sabotar o Estado democrático brasileiro.

Da Redação 

O bolsonarismo chegou à encruzilhada definitiva. Com Jair Bolsonaro e seus filhos na iminência de condenações graves pelo 8 de janeiro e outras operações de sabotagem institucional, a extrema-direita brasileira não tem mais projeto político — tem apenas um plano de sobrevivência. E esse plano passa por colocar o país em colapso.

Nos últimos dias, vimos declarações explícitas de insurreição partindo de dentro do Congresso Nacional, de púlpitos religiosos e de setores armados do Estado. Trata-se de uma ofensiva coordenada, com rostos, vozes e estratégias nítidas. Eles querem — e estão tentando — levar o país à beira da guerra civil de baixa intensidade.

Forças de segurança contaminadas e em alerta.

Não é novidade que o bolsonarismo infiltrou-se profundamente nas estruturas de segurança pública. Mas o que agora se escancara é o grau de prontidão ideológica e tática desses setores para atuar contra o Estado.

As polícias militares, em especial, estão entre os núcleos mais radicalizados. Estudos e reportagens como as do Instituto Tricontinental, Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Intercept Brasil já mostraram que há células de extrema-direita organizadas dentro dessas corporações, com redes de comunicação próprias, doutrinas próprias e, em muitos casos, fidelidade pessoal ao ex-presidente.

Além disso, militares da reserva e ex-integrantes do governo Bolsonaro continuam atuando como estrategistas dessa tentativa de insurreição, fornecendo orientação e cobertura simbólica para a ação desses agentes. Estão prontos para gerar convulsão social, seja por sabotagem, seja por inação diante de uma crise.

E o mais grave: essas redes armadas contam com suporte internacional. De acordo com a entrevista do especialista Marcos Coimbra ao Brasil 247 (julho de 2025), todo o sistema sensível de segurança brasileiro está, hoje, sob influência direta dos EUA e de Israel, por meio de contratos tecnológicos, softwares de vigilância e intercâmbio “técnico” que, na prática, significa dependência estratégica.

A cruzada evangélica como motor da insurreição

Simultaneamente, o bolsonarismo mobiliza um segundo exército: o da fé fanatizada. Pastores como Silas Malafaia e outros líderes neopentecostais estão radicalizando suas bases em tempo real, associando as ações do STF e do governo à perseguição religiosa.

Nos cultos e redes sociais, a narrativa é a de uma guerra espiritual contra o “mal comunista”, onde Alexandre de Moraes é o novo “Herodes” e o bolsonarismo é a última trincheira da moral cristã.

Essa retórica não apenas mobiliza massas — ela justifica o caos como missão divina. Crianças estão sendo doutrinadas, comunidades inteiras alimentadas com desinformação, e o bolsonarismo se mascara como resistência messiânica. O resultado é uma base emocionalmente inflamável, que age com fé cega e disposição para o martírio — combustível perfeito para a insurreição.

A milícia digital e a guerra psicológica total

Enquanto os fardados e os fiéis preparam o terreno nas ruas e nos templos, a máquina digital do bolsonarismo faz o que sempre fez: guerra psicológica.

Parlamentares como Nikolas Ferreira, Eduardo Bolsonaro e Bia Kicis, junto a influenciadores digitais com milhões de seguidores, propagam a ideia de que o STF é uma ditadura, que Moraes é um tirano, que estamos vivendo sob censura. Tudo isso embebido em memes, vídeos curtos, lives e fake news produzidas com precisão de propaganda militar.

O objetivo é gerar histeria coletiva e preparar a base para um levante espontâneo — ou, ao menos, para justificar ações golpistas como “defesa da liberdade”. Como já demonstrado em diversos estudos sobre guerra híbrida, o ambiente informacional é a trincheira primária do fascismo contemporâneo.

O plano: incendiar o país para apagar os crimes.

O que une essas três frentes — a tropa, o púlpito e o algoritmo — é o desespero estratégico. O bolsonarismo sabe que está prestes a ser derrotado no plano jurídico e político. E diante da cadeia, escolheu o confronto. Busca sabotar a estabilidade institucional, colapsar o Estado e forçar uma saída negociada sob chantagem.

A lógica é clara: ou o Brasil vira um inferno ingovernável, ou o sistema recua para salvar o que ainda pode. É uma tática de guerra híbrida com todos os elementos clássicos: desinformação, sabotagem institucional, insurgência armada e radicalização simbólica.

Mas há um erro de cálculo.

A democracia aprendeu. E Lula é o escudo do Brasil.

O Brasil de 2025 não é o mesmo de 2016. A sociedade amadureceu. As instituições, embora ainda vulneráveis, compreenderam o risco real. E há, no comando do país, uma liderança com estatura global que impede que esse jogo seja vencido no grito.

Lula não é apenas o presidente. É um ativo geopolítico. Seu silêncio estratégico diante de certas provocações é cálculo. Seu protagonismo internacional impede que os ataques do bolsonarismo se voltem diretamente a ele — o custo diplomático seria alto demais.

Mas esse escudo simbólico não basta. É preciso nomear o risco, expor os golpistas, desarmar as redes e romper os contratos de dependência com EUA e Israel.

O bolsonarismo ainda sonha com o caos. Mas o Brasil, se agir com coragem e lucidez, pode transformá-lo em pó.