Da Redação
Após o encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump, Brasil e Estados Unidos deram início formal a negociações para tratar da redução de tarifas norte-americanas sobre produtos brasileiros, representando um possível ponto de virada para o comércio bilateral.
Brasil e Estados Unidos anunciaram hoje a abertura de negociações para revisar tarifas aplicadas por Washington a produtos brasileiros, em especial aço, carne, etanol e manufaturados. O movimento decorre diretamente da reunião entre os presidentes Lula e Trump, à margem da cúpula da ASEAN na Malásia, onde ambos acordaram em colocar a pauta tarifária como prioridade diplomática.
A equipe brasileira, composta pelos ministérios da Fazenda, Indústria, Comércio Exterior e Relações Exteriores, e representantes dos exportadores nacionais, já iniciou conversas com técnicos norte-americanos. O objetivo central é aliviar tarifas que encarecem a competitividade internacional do Brasil e, ao mesmo tempo, abrir espaço para novos investimentos americanos no país com contrapartida de acesso brasileiro a tecnologia e capitais.
Do lado brasileiro, o governo vê a negociação como uma grande oportunidade para posicionar o Brasil de volta no centro do comércio global. O discurso oficial é de que o país busca relações de “igual para igual” com os EUA e que a eliminação ou redução das tarifas seria um sinal de confiança dos estadunidenses no Brasil. Quaisquer avanços seriam usados como elemento de política interna para demonstrar que a diplomacia exterior do governo já rende efeitos tangíveis.
No entanto, analistas lembram que a abertura das negociações é apenas o começo de um processo complexo: Estados Unidos poderão exigir contrapartidas — por exemplo, maior abertura do mercado brasileiro, alinhamento em temas geopolíticos ou participação de empresas americanas em cadeia de valor. O governo brasileiro afirma que não aceitará condições que comprometam sua autonomia ou industrialização.
A galvanização das exportações brasileiras no curto prazo pode depender de dois fatores críticos: a velocidade das negociações e a credibilidade das promessas americanas. O Brasil também quer que a pauta seja resolvida antes do início da campanha eleitoral de 2026, de modo a evitar que o tema seja tratado como instrumento eleitoral externo ao setor produtivo.
A iniciativa é vista por setores de industriais e produtores rurais como “uma luz no fim do túnel”. Eles enfrentaram tarifas elevadas nos últimos anos, que afetaram competitividade e investimentos. Em especial, o setor de aço aguardava alívio tarifário desde que o governo brasileiro denunciou o caráter discriminatório das tarifas norte-americanas.
De fato, o timing da renegociação é estratégico. O Brasil passa por recuperação econômica, queda do desemprego e elevação de investimentos externos. Ter condições melhores de acesso ao mercado americano poderá impulsionar setores-chave e consolidar o plano do governo de usar a diplomacia para produzir ganhos econômicos reais.


