Atitude Popular

Camex aprova consulta à OMC contra tarifas dos EUA

Da Redação

O Conselho de Ministros da Camex autorizou hoje o Brasil a acionar oficialmente a OMC contra o tarifaço imposto pelos EUA — próximo passo será decisão de Lula sobre como conduzir a disputa.

O Conselho de Ministros da Câmara de Comércio Exterior (Camex) aprovou nesta segunda-feira que o Brasil entre com uma consulta formal à Organização Mundial do Comércio (OMC) para contestar as tarifas de 50% impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros. A medida foi anunciada pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, e representa o primeiro passo formal do país para buscar reparação via instância multilateral.

As tarifas, anunciadas por Donald Trump e agendadas para entrar em vigor em 6 de agosto, abrangem setores estratégicos como café, carne bovina, frutas e bens manufaturados. Alckmin destacou que cabe agora ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidir quando e como protocolar o pedido junto à OMC, sinalizando que o governo pretende dar uma resposta política alinhada com sua estratégia de soberania e defesa multilateral.

Alckmin reconheceu que o processo na OMC tem caráter simbólico, já que o órgão de apelação da organização permanece paralisado desde 2019 por bloqueio americano. Apesar disso, o movimento é visto como forma de reafirmar compromisso com regras internacionais e buscar legitimidade institucional diante das agressões comerciais dos EUA.

Em paralelo, o governo avança nas discussões de um plano de contingência econômica para os setores afetados. Estão em avaliação medidas como concessão de crédito subsidiado, compras governamentais direcionadas e articulação diplomática para abertura de novos mercados. Alguns produtos brasileiros já tiveram exclusão das tarifas, como suco de laranja e minérios, mas ainda restam 35% das exportações sem exceção — foco das negociações.

O vice-presidente ressaltou negociações diretas realizadas desde março com o governo americano para reduzir o impacto do tarifaço. Essas tratativas já evitaram taxação em cerca de 65% dos produtos exportados para os EUA. Alckmin também destacou que há possibilidades concretas de expansão de mercado na União Europeia e Reino Unido, especialmente no comércio de pescado e alimentos, mediante protocolos sanitários em curso.

Apesar do salto simbólico com a OMC, fontes do governo admitem que o resultado prático pode demorar até um ano e meio, se houver avanço após a instalação de painel de disputa. Enquanto isso, o Brasil enfatiza alternativas autônomas e diplomáticas para assegurar sua soberania comercial e enfrentar os ataques unilaterais de Washington.