Da Redação
O presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), anunciou nesta sexta-feira (10) que a votação sobre a recondução de Paulo Gonet ao comando da Procuradoria-Geral da República (PGR) será realizada no início de novembro. A decisão encerra semanas de especulação sobre o calendário e sinaliza que o governo e o Senado buscam conduzir o processo com serenidade institucional e previsibilidade política. A recondução de Gonet é vista como um passo importante para a continuidade de uma PGR técnica e equilibrada, comprometida com o fortalecimento da legalidade democrática e a cooperação entre os poderes.
Um perfil de equilíbrio e moderação
Desde que assumiu o comando da PGR, Paulo Gonet consolidou-se como uma figura de perfil institucional, discreto e conciliador, defendendo o papel do Ministério Público como instrumento de estabilidade e guardião da Constituição.
Durante seu mandato, Gonet manteve diálogo constante com o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional, evitando o comportamento de confronto que marcou gestões anteriores. Seu estilo jurídico, pautado pela sobriedade e pelo respeito às prerrogativas constitucionais, é valorizado tanto por senadores governistas quanto por setores independentes.
Segundo fontes do governo, Lula considera que a recondução de Gonet garante previsibilidade e equilíbrio num momento em que o país busca consolidar a normalidade democrática após anos de tensão institucional.
CCJ adota rito técnico e sem atropelos
Davi Alcolumbre destacou que a CCJ seguirá um calendário transparente e técnico para avaliar a recondução, com sabatina prevista para a primeira quinzena de novembro. A votação ocorrerá no colegiado e, em seguida, no plenário do Senado.
A postura da comissão reflete um ambiente de cooperação entre os poderes, onde prevalece o entendimento de que a PGR não deve ser objeto de disputa partidária, mas sim de consenso republicano. “Queremos um processo sereno, respeitoso e transparente”, disse Alcolumbre, ao reafirmar que o Senado não abrirá espaço para politização da sabatina.
Governo e base parlamentar alinhados
No Palácio do Planalto, a expectativa é de tranquilidade na votação. O governo tem articulado apoio entre partidos da base e do centro, com o objetivo de garantir maioria confortável. A avaliação predominante é de que Gonet representa uma figura de confiança institucional, capaz de manter a PGR distante de agendas ideológicas e próxima das necessidades do Estado brasileiro.
Interlocutores de Lula reforçam que a prioridade é preservar a autonomia do Ministério Público, mas dentro de uma lógica de cooperação democrática, sem rupturas nem confrontos artificiais. Essa postura tem sido elogiada inclusive por senadores da oposição moderada, que reconhecem o “tom institucional” da gestão Gonet.
Reações no meio jurídico
Entidades do meio jurídico e membros do Ministério Público Federal (MPF) veem a recondução de Gonet como sinal de maturidade institucional. Juristas ressaltam que, em um momento de reacomodação do Estado brasileiro após os excessos de judicialização e polarização política, a PGR precisa continuar como ponte entre o Direito e a República, não como instrumento de guerra política.
A atuação de Gonet na defesa da Constituição e na mediação de conflitos federativos é apontada como exemplo de independência responsável, um equilíbrio que evita tanto o alinhamento cego quanto o protagonismo personalista.
Um gesto de continuidade democrática
A decisão de Lula de apoiar a recondução reflete a estratégia de consolidar o diálogo entre as instituições e preservar os avanços democráticos conquistados nos últimos anos. Desde o início de seu mandato, o presidente vem reiterando que “a estabilidade institucional é um valor democrático e uma condição essencial para o desenvolvimento nacional”.
O gesto de reconduzir Gonet é, portanto, simbólico: representa a afirmação da normalidade institucional, a valorização da técnica sobre o espetáculo e o compromisso com a independência de um órgão vital para a democracia brasileira.
Conclusão: PGR como pilar do Estado democrático
A recondução de Paulo Gonet à PGR, se confirmada, reforçará um ciclo de estabilidade jurídica e política, afastando o risco de interferências arbitrárias ou instrumentalizações do Ministério Público.
Num cenário em que o país reconstrói o tecido democrático e combate os efeitos duradouros da polarização e do lawfare, a permanência de Gonet simboliza o retorno à racionalidade institucional. É um movimento de reconciliação entre os poderes e de reafirmação de que o Brasil só avança quando a lei, a Constituição e o diálogo prevalecem sobre a disputa e a ruptura.