Atitude Popular

Celso Amorim chama de preocupante ameaça militar dos EUA contra o Brasil

Da Redação

O ex-chanceler e assessor internacional de Lula, Celso Amorim, classificou como “extremamente preocupante” declaração da Casa Branca que admitiu uso de poder militar para defender “liberdade de expressão”. Amorim reforça que essa retórica interfere de modo grave na soberania brasileira, embora acredite que ação militar concreta seja improvável.

Nesta quinta-feira, 11 de setembro de 2025, Celso Amorim, ex-ministro das Relações Exteriores e assessor especial para assuntos internacionais do governo Lula, falou de novidade alarmante: ele considera uma “ameaça militar dos Estados Unidos contra o Brasil” como um episódio grave que ultrapassa retórica diplomática.

O alerta surgiu após declarações da porta-voz da Casa Branca, Karoline Leavitt, de que o governo americano “não tem medo” de usar poder militar em nome da liberdade de expressão, inclusive contra regimes ou governos estrangeiros vistos por Washington como desrespeitosos ou autoritários. Amorim afirmou que tais afirmações são “preocupantes”, especialmente porque ferem princípios básicos da diplomacia e do Direito Internacional, e manifestam uma tentativa de pressão que não compõe cenário comum em relações entre estados soberanos.

Apesar de reconhecer a gravidade da fala, Amorim disse não acreditar que os Estados Unidos venham a executar uma intervenção militar no Brasil por causa do julgamento atual do ex-presidente Jair Bolsonaro. Ele qualificou como improvável a ideia de ação bélica, mas sublinhou que a retórica sozinha já produz efeitos institucionais e simbólicos danosos.

Além disso, Amorim frisou que declarações desse tipo minam a confiança entre nações, interferem nos trâmites judiciais e nas instituições nacionais, e colocam em risco o respeito à Constituição, ao STF e ao Poder Judiciário. Ele disse que certas ações recentes do exterior já vinham interferindo em interesses legítimos do Brasil e alertou para consequências imprevisíveis se essa escalada verbal persistir.


4 – Importância e impactos

  • Soberania em xeque: Mesmo sem ação militar concreta, falar em intervenção estrangeira como ameaça altera o ambiente diplomático; reduz espaço de negociação; eleva a tensão interna e externa.
  • Legitimidade institucional: Qualquer tentativa de usar retórica militar para influenciar decisões judiciais deslegitima o funcionamento de instituições como STF, Congresso e governo.
  • Direito Internacional: A mera ideia de uso de poder militar, ainda que apenas retoricamente proposta, contraria princípios básicos da Carta das Nações Unidas, entre eles a proibição do uso da força em relações internacionais.
  • Percepção internacional: O Brasil se vê colocado como cenário de disputa geopolítica, o que pode gerar pressões políticas, econômicas ou diplomáticas que extrapolam o debate interno e afetar acordos, parcerias e investimentos.

5 – Conclusão

A fala de Celso Amorim não é mero alerta retórico — é um grito de resistência. É dizer que o Brasil não se curva a ameaças, que democracia não é moeda de troca e que soberania nacional não é tema de conveniência estrangeira. Dizer: “não aceitaremos pressões externas para decidir o destino de nossas instituições”.

Se a retórica continuar sem freios, corre-se risco de normalizar o intolerável. O Brasil está sendo testado. Que esse teste resulte em reafirmação: democracia é lei, liberdade é nossa, território não se negocia.