Da Redação
Em discurso diplomático, ministro das Relações Exteriores da China enfatiza que o país “não busca conflito nem prepara guerra”; fala ocorre em contexto de tensões globais crescentes e acusações de militarização.
O ministro chinês das Relações Exteriores declarou nesta sexta-feira, 13 de setembro de 2025, que a China “não participa nem planeja guerras” e reafirmou que sua política externa é pautada pela paz, diálogo e respeito pelos tratados internacionais. A declaração surge em momento de intensificação de tensões geopolíticas, particularmente com os Estados Unidos e países do Ocidente, que têm apontado preocupações quanto à modernização militar chinesa, sua postura no Mar do Sul da China e estratégias em torno de Taiwan.
O chanceler procurou tranquilizar a comunidade internacional ao afirmar que, embora a China esteja investindo no fortalecimento de suas forças armadas e em equipamentos modernos, isso se justifica como parte de sua estratégia defensiva e de preservação da soberania nacional — não como preparação para ofensivas. Ele reforçou que todos os movimentos militares ou exercícios que a China realize são transparentes ou notificados em caráter oficial quando exigido por tratados ou convenções internacionais.
Além disso, disse o ministro, a China tem priorizado a diplomacia preventiva, o diálogo bilateral e multilateral como caminhos para resolver disputas internacionais, negando relatos de planejamento de invasões ou conflitos. Ele afirmou que acusações externas de que o país estaria se armando para confronto frequente são baseadas em interpretações distorcidas ou medos estratégicos que não refletem a realidade das intenções chinesas.
Analistas que acompanham a política externa chinesa interpretam a declaração como mais uma peça da “narrativa de paz” que o topo do governo chinês tem construído nos últimos anos, apesar de atos que despertam suspeitas de outros países — como ampliação naval, presença militar em ilhas disputadas, e investimentos intensivos em capacidade militar avançada. A interpretação é de que Pequim busca manter margem diplomática, evitando que suas movimentações sejam imediatamente classificadas como belicistas, enquanto mantém poder de dissuasão.
Do ponto de vista estratégico, essa declaração pode servir a diversos propósitos interligados: acalmar aliados preocupados com escaladas militares; reduzir críticas ocidentais contra o que é percebido como militarismo chinês; manter estabilidade no ambiente diplomático para continuar acordos comerciais, tecnológicos e estratégicos em meio a disputas por influência global.
No entanto, críticos e observadores internacionais advertiram que palavras sozinhas podem não ser suficientes para dissipar dúvidas, especialmente quando atos ou capacidades militares seguem evoluindo. Há questionamentos sobre pontos como transparência nos orçamentos militares, divulgação de localização de bases, exercícios conjuntos com países em conflito ou próximos a zonas de tensão, e sobre como Pequim responde quando seus interesses são desafiados ou instigados pelo exterior.
Por fim, a fala do ministro reforça que, no discurso oficial chinês, a guerra não está em pauta como instrumento de conquista, mas sim como lastro de soberania, dissuasão e projeção. Resta observar se nas próximas semanas haverá demonstrações concretas de coerência entre esse discurso e ações práticas — inclusive quando lidar com crises regionais e pressões militares externas.