Da Redação
No 25º encontro da Organização de Cooperação de Xangai (OCX) em Tianjin, os líderes da China, Rússia e Índia demonstraram unidade estratégica, desenhando uma nova ordem global multipolar que desafia a influência ocidental.
Nesta segunda-feira, 1º de setembro de 2025, Xi Jinping, Vladimir Putin e Narendra Modi protagonizaram um dos encontros mais simbólicos da geopolítica recente, durante a cúpula da Organização de Cooperação de Xangai em Tianjin. O gesto de união entre os três líderes foi interpretado como um recado direto aos Estados Unidos: o bloco asiático-eurasiano busca maior protagonismo diante da crescente pressão econômica e política exercida por Washington.
Xi Jinping usou o palco para reforçar sua visão de uma nova ordem global voltada ao fortalecimento do Sul Global. Defendeu abertamente o fim do hegemonismo ocidental e apresentou propostas concretas, incluindo a criação de um banco de desenvolvimento próprio da OCX, uma plataforma internacional de energia, o acesso ao sistema de navegação BeiDou e novos fundos para projetos de infraestrutura, avaliados em mais de um bilhão de dólares.
O primeiro-ministro indiano Narendra Modi reafirmou a parceria estratégica com a Rússia, apesar das tarifas impostas pelos Estados Unidos sobre importações de petróleo russo. Analistas classificam essa relação como “especial e privilegiada”, sinal de que Nova Délhi não pretende recuar de sua autonomia geopolítica.
Já Vladimir Putin reforçou o discurso contra o que chamou de “militarização do Ocidente” e destacou que a cooperação entre Rússia, China e Índia representa uma alternativa real ao modelo de dependência imposto por Washington e seus aliados da OTAN. O gesto de proximidade entre Putin e Modi durante a cúpula foi descrito por observadores como diplomacia coreografada para mostrar coesão num momento delicado das disputas internacionais.
O encontro ilustra a consolidação de uma estratégia multipolar, que busca criar mecanismos financeiros, energéticos e tecnológicos fora da órbita norte-americana. Essa aliança, ainda que marcada por tensões internas, representa um passo decisivo na construção de um novo tabuleiro geopolítico em que China, Rússia e Índia aparecem como vértices centrais da resistência à hegemonia dos EUA.