Por Sara Goes
Partidos repudiam sanções dos EUA a ministros do STF e classificam gesto como ingerência política sem precedentes
Um bloco multipartidário do Congresso Nacional divulgou na ultima segunda-feira, 21 de julho, uma nota conjunta em solidariedade aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), que foram alvo de sanções unilaterais impostas pelo governo dos Estados Unidos. A medida, assinada pelo presidente Donald Trump, foi considerada pelos parlamentares como um “gesto indevido, agressivo e sem precedentes”, além de representar um “ataque à soberania nacional”.
Subscrita por líderes de sete partidos (PT, PSB, PDT, PSOL, PCdoB, PV e Cidadania), a manifestação expressa indignação diante da ofensiva norte-americana, que mira ministros do STF por sua atuação no julgamento da tentativa de golpe de Estado e dos atentados golpistas de 8 de janeiro de 2023. “A ação penal no STF transcorre estritamente no devido processo legal, com ampla garantia do contraditório. As tentativas de coação da Justiça neste processo, venham de onde vierem, recebem o repúdio da sociedade brasileira”, afirma o texto.
A iniciativa parlamentar também aponta que as sanções se somam a medidas tarifárias e ameaças comerciais recentes, igualmente motivadas por interesses políticos. “Quando deveriam ser objeto de negociação, como propõem o governo e o setor produtivo do Brasil, as retaliações assumem um caráter de pressão geopolítica”, diz a nota.
Entre os signatários estão o senador Humberto Costa (PT), o deputado João Campos (PSB), o ministro Carlos Lupi (PDT), a deputada Paula Coradi (PSOL), a ministra Luciana Santos (PCdoB), o ex-deputado José Luiz Penna (PV) e o secretário estadual Comte Bittencourt (Cidadania). A diversidade de filiações partidárias reforça o caráter institucional da resposta brasileira, que extrapola alinhamentos ideológicos e unifica diferentes setores em torno da defesa da soberania.
Ao reiterar “irrestrita solidariedade aos ministros do STF” e reafirmar o compromisso com as instituições democráticas, o documento sinaliza que o Brasil não aceitará passivamente ingerências externas sobre seus processos internos. Trata-se, nas palavras dos signatários, de uma “defesa irrenunciável da soberania nacional”.