Senadores brasileiros buscam diálogo em Washington justo antes da imposição de taxa unilateral dos EUA em 1º de agosto; Brasil articula medidas de socorro e opositores pedem bloqueio total nas negociações.
Da Redação
Nesta terça‑feira, 29 de julho de 2025, vive-se uma semana decisiva na crise tarifária entre Brasil e Estados Unidos. O governo dos EUA planeja impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros exportados para os EUA, com início marcado para 1º de agosto, motivado por críticas à condução judicial do ex‑presidente Jair Bolsonaro, a quem o presidente Trump qualificou como vítima de uma “caça às bruxas”.
Tentativas de diálogo
O vice‑presidente Geraldo Alckmin relatou ter mantido conversas “boas e produtivas” com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, afirmando que o Brasil está pronto para negociar. Paralelamente, uma missão oficial do Senado, com oito parlamentares em Washington, inicia encontros com representantes do governo e da comunidade empresarial americana em busca de reverter o “tarifaço”.
Apesar disso, o presidente Lula denunciou que os EUA ignoraram repetidos pedidos brasileiros por negociações — foram ao menos dez reuniões e uma carta formal datada de 16 de maio, mas não houve resposta clara, apenas uma publicação nas redes de Trump.
Reações políticas domésticas
Internamente, cresce o confronto político: o deputado Eduardo Bolsonaro declarou que atua para impedir que os senadores brasileiros encontrem qualquer diálogo útil nos Estados Unidos, defendendo a condição de anistia aos envolvidos no 8 de janeiro para negociar com Trump.
Em resposta à perspectiva de imposição das tarifas, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou que o Brasil não tem obrigação de continuar comprando dos EUA, acrescentando que compras podem ser redirecionadas a outros parceiros comerciais, e avisou sobre medidas de reciprocidade caso o ‘tarifaço’ entre em vigor.
Medidas de suporte e pontos estratégicos
O governo federal planeja medidas de alívio econômico para empresas mais afetadas pela tarifa de 50%, sem incluir isenções fiscais. As ações devem incluir linhas de crédito especiais, especialmente para a Embraer, e outras iniciativas financeiras de apoio à exportação brasileira. Além disso, o Brasil já recorreu à Organização Mundial do Comércio (OMC) com apoio de cerca de 40 países — incluindo União Europeia, China e Índia — denunciando a imposição tarifária unilateral.
Em carta a Trump, o Brasil pediu oficialmente que produtos alimentícios (como café, suco e carnes) e aviões da Embraer sejam excluídos da lista das tarifas, já que esses setores seriam sobremaneira atingidos.
Situação atual e próximos passos
Com dificuldades crescentes para reverter a tarifa a tempo do prazo de 1º de agosto, o ministro Fernando Haddad admitiu que um acordo pode não ser concluído antes da data limite. Ainda assim, disse que o Brasil mantém o compromisso com as negociações e tem contingências em curso, como rotas alternativas de mercadorias para outros mercados.
A missão do Senado em Washington continua seus encontros com autoridades americanas e empresários, enquanto o Brasil pressiona no G20 da OMC e considera novas possibilidades de resposta diplomática ou comercial.