Da Redação
Após meses de vetos, o Kremlin sinaliza abertura para um encontro entre Putin e Zelensky, condicionado à preparação prévia por equipes técnicas e à pressão diplomática dos EUA.
O Kremlin afirmou nesta segunda-feira que uma reunião entre os presidentes Vladimir Putin, da Rússia, e Volodymyr Zelensky, da Ucrânia, só será possível após extensos preparativos conduzidos por delegações técnicas de ambos os países. O porta-voz Dmitry Peskov destacou que o encontro de líderes deve ocorrer como etapa final de avanços já consolidados por especialistas, e não como iniciativa prematura.
Analistas internacionais descartavam historicamente a possibilidade de cúpula antes do fim das negociações técnicas. No entanto, o cenário mudou com a crescente pressão do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que estipulou um prazo até 8 de agosto para a Rússia demonstrar disposição à trégua ou enfrentar novas sanções. A mudança de tom de Moscou sinaliza, portanto, uma tática para ganhar tempo diplomático e aliviar tensões externas.
Até o momento, Zelensky vem defendendo publicamente que apenas um encontro pessoal com Putin pode destravar o impasse. Ele propôs uma cúpula ainda em agosto, alinhada com a pressão norte-americana por avanços rápidos. A resposta russa afirmou que as posições dos dois países seguem “diametralmente opostas” e que um acordo exige esforço sustentado de mediação e consenso técnico.
Ao mesmo tempo, diplomatas ocidentais alertam que a reunião deve ser cuidadosamente coordenada, envolvendo não apenas líderes, mas também aliados estratégicos — como os países europeus e especialmente os EUA — e possíveis apoiadores regionais, como a Turquia, que vêm promovendo encontros entre delegações de Kiev e Moscou.
O Kremlin também não descartou uma possibilidade distinta: um eventual encontro entre Putin e Trump na Cúpula do fim da Segunda Guerra Mundial da China, prevista para setembro em Pequim. Moscou avalia que, se ambos estiverem presentes em solo chinês, um breve diálogo poderia ocorrer, desde que preste suporte a objetivos diplomáticos claros.
Apesar de manter postura cautelosa, Moscou confirmou que Vladimir Putin participará da cúpula do BRICS via videoconferência, evitando viajar ao Brasil em razão de uma ordem de prisão emitida pelo Tribunal Penal Internacional. Esse cenário reforça a lógica de reuniões simbólicas e controle sobre os encontros presenciais, especialmente entre presidentes rivais.