Formação de cuidadoras de idosos da UECE pelo Pronatec amplia acesso de mulheres em situação de vulnerabilidade a uma profissão com alta demanda, 610 vagas em 9 municípios, 160 horas de carga horária e certificação reconhecida
No Café com Democracia, apresentado por Luiz Regadas, o professor Nelson Arruda detalhou como a Universidade Estadual do Ceará, em parceria com o Pronatec, estruturou o curso de cuidadora de idosos para responder ao envelhecimento da população e à falta de mão de obra qualificada. A entrevista foi ao ar pela Rádio e TV Atitude Popular, base desta reportagem, e está disponível no canal da emissora no YouTube.
Segundo Arruda, a UECE participa do Pronatec desde 2015 e, somando a oferta de diferentes formações ao longo da década, “nós passamos tranquilo dos 10.000 alunos”. No recorte específico da assistência à pessoa idosa, a universidade concluiu em setembro uma rodada com “610 vagas” distribuídas em Fortaleza, Caucaia, Maracanaú, Maranguape, Itapipoca, Iguatu, Crato e Juazeiro do Norte, priorizando mulheres de baixa renda atendidas pelo projeto Mulheres 1000. O desenho pedagógico combina aulas três vezes por semana, carga de 160 horas e apoio direto às alunas, “R$ 3 por cada hora aula”, material didático, mochila e camisetas, além de acompanhamento de coordenadores de sala.
O professor sublinhou a credencial institucional da UECE para esse tipo de qualificação, citando a UNEP, unidade de educação profissional da universidade, credenciada no Conselho Estadual de Educação, que emite o certificado ao final, “um certificado da Universidade Estadual do Ceará”. Em paralelo, lembrou que a coordenação acadêmica é liderada por docente da enfermagem e que a seleção de professores privilegia profissionais da saúde, reforçando o componente clínico e ético do cuidado.
A procura, relatou, cresce em sintonia com o perfil demográfico do estado, “a população brasileira, ela tá vivendo mais e a partir do momento que vive mais, os problemas de saúde também vão aumentando”. A inserção no trabalho ocorre em três frentes, serviços hospitalares, instituições de longa permanência e atendimento domiciliar, com forte demanda por plantões. Por isso, a oferta gratuita tem efeito imediato sobre a renda de famílias chefiadas por mulheres e sobre a qualidade da assistência, “o que a gente leva com esse curso é isso, é formar boas cuidadoras e entregar a nossa sociedade pessoas capacitadas, competentes, responsáveis”.
Arruda registrou ainda dois pontos sensíveis, a baixa evasão e o vazio regulatório da ocupação. Sobre permanência, relatou turmas com apenas uma desistência entre 40 matrículas, resultado de acompanhamento próximo das alunas e de parcerias municipais para garantir estrutura e merenda, estratégia que reduz abandono em deslocamentos longos. Sobre a regulação, foi direto, “cuidador de idoso é uma profissão que não está ainda regulamentada”, o que empurra negociações salariais caso a caso e amplia a importância do selo de formação pública reconhecida.
A capilaridade do projeto se apoia em articulações com a Secretaria das Mulheres do Ceará, secretarias municipais e o Ministério Público do Idoso, parceria que levou a seminários, visitas técnicas e encontros com mais de 200 participantes na UECE. No horizonte imediato, o professor antecipou a continuidade da política de vagas, “a gente tem uma previsão de ainda esse ano começar novas turmas”, com divulgação nos canais oficiais da universidade assim que datas e locais forem confirmados.
Mais que uma resposta pontual, a experiência apresentada no Café com Democracia indica um caminho para consolidar um ecossistema de cuidado com base pública, certificação robusta e inclusão produtiva. Ao apostar em formação gratuita, ancorada na universidade estadual e voltada para mulheres em situação de vulnerabilidade, a UECE e o Pronatec preenchem uma lacuna real do sistema de saúde e de proteção social, enquanto abrem portas de trabalho qualificado em um campo que só tende a crescer.
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