O PACTO É HOJE ÀS 19 HORAS!
Autor desconhecido
Fortaleza, 16/09/2024
Fortaleza já convive há anos com a sombra da violência urbana, marcada pela disputa de facções que dividem bairros, ruas e até famílias. Mas um movimento recente acendeu um alerta vermelho: a fusão entre a facção GDE (Guardiões do Estado) e a Massa, também conhecida como Tudo Neutro, vai oficializar a chegada do Terceiro Comando Puro (TCP) ao Ceará.
A fundação está marcada para hoje, às 19h, em um evento simbólico que promete ser acompanhado por uma queima de fogos. Esse gesto, aparentemente festivo, carrega um peso enorme: sela a entrada oficial de uma das facções mais temidas do Brasil no território cearense.
Se antes o confronto era essencialmente por território e tráfico, agora surge uma combinação explosiva: a união entre fuzil e religião. O TCP, que nasceu no Rio de Janeiro, é conhecido por sua ligação com pastores evangélicos e pelo uso de símbolos religiosos como ferramenta de dominação. Foi essa facção que criou no Rio o chamado Complexo de Israel e a Tropa de Aram — estruturas ligadas a bandidos que se autodeclaram evangélicos e impõem normas de conduta em comunidades, misturando a pregação da Bíblia com a lógica do crime armado.
No Rio, há registros de comunidades inteiras proibidas de vestir branco, sob a justificativa de que a cor remete a tradições afro-brasileiras. Terreiros foram incendiados, mães de santo ameaçadas, e moradores submetidos a uma disciplina rígida que coloca a religião neopentecostal a serviço da facção. Agora, Fortaleza se torna palco dessa mesma lógica: a fusão entre GDE e Massa oficializa o nascimento do TCP no Ceará — um crime organizado de caráter neopentecostal.
A liderança desse movimento tem como inspiração figuras como Peixão, criminoso da Ilha do Governador que também se apresenta como pastor. Sob sua influência, o TCP tem se expandido como uma espécie de “exército jihadista brasileiro”: um braço armado que se alimenta da fé para controlar territórios e comunidades vulneráveis.
A capital cearense, já marcada pela fragmentação territorial imposta pelas facções, pode assistir ao nascimento de uma guerra ainda mais brutal — agora carregada de discursos religiosos.
A pergunta que ecoa é inevitável: até onde essa mistura de Bíblia e fuzil pode ir?
Especialistas em segurança pública alertam que estamos diante de um cenário sem precedentes no país. Não se trata apenas de crime organizado, mas de uma possível transformação cultural e ideológica dentro das periferias, onde a fé se torna instrumento de poder armado.
Fortaleza está em risco de viver um novo tipo de terror: não apenas a disputa por ruas e becos, mas uma batalha pela alma de sua gente.
Como dizem os moradores que acompanham, temerosos, cada movimento das facções:
“Não existe nada tão ruim que não possa piorar. E essa fusão prova isso.”