Da Redação
Gravações acusam Karina Milei, irmã e braço-direito do presidente argentino, de participar de um esquema de propinas em contratos públicos. A situação gerou mandados de busca, apreensões e uma crise política interna, com impacto direto sobre a campanha eleitoral do Executivo.
O governo de Javier Milei enfrenta uma grave crise de credibilidade após o vazamento de áudios nos quais Diego Spagnuolo, ex-chefe da Agência Nacional de Deficiência (Andis) e aliado político, denuncia um esquema de cobrança de propina envolvendo a Secretaria Geral da Presidência, Karina Milei, e o subsecretário Eduardo “Lule” Menem. Segundo Spagnuolo, os sobornos em contratos de medicamentos chegariam a 8%, dos quais 3% seriam destinados à irmã do presidente, em um caso que pode movimentar entre 500 mil e 1 milhão de dólares mensais.
A Justiça federal argentina, atendendo a denúncias formalizadas pelo advogado Gregorio Dalbón, determinou 15 mandados de busca e apreensão em pontos estratégicos — incluindo a sede da Andis, residências dos envolvidos e a farmácia Suizo Argentina. As operações resultaram na apreensão de quase 200 mil dólares em espécie, além de celulares, documentos e outros dispositivos eletrônicos para investigação.
Diante da repercussão, o governo agiu com cautela. Spagnuolo foi afastado preventivamente de seu cargo, mas Karina Milei permanece em sua posição no governo, o que alimenta críticas pela lentidão na resposta. O silêncio oficial acrescenta tensão ao cenário político, especialmente no contexto eleitoral, quando o partido libertário tenta consolidar a sua agenda reformista.
Fontes internas descrevem o presidente Milei como “apavorado” com os desdobramentos do escândalo — exatamente o oposto da firmeza que costuma exibir em discursos públicos. A instabilidade política agrava o quadro, degradando não apenas a reputação da liderança presidencial, mas também a confiança da base política e das redes de apoio.