Professores Sandra Helena e Victor Marques analisam com humor ácido e densidade política os acontecimentos de setembro no quadro Antes que acabe
O programa Antes que acabe, quadro mensal do Democracia no Ar, reuniu novamente os professores Sandra Helena e Victor Marques para encerrar setembro com análises críticas e bem-humoradas. O segmento, transmitido pela TV e Rádio Atitude Popular, ocorre sempre na última sexta-feira do mês, com apresentação de Sara Goes. A transmissão trouxe reflexões sobre a crise internacional em Gaza, os discursos de líderes mundiais na Assembleia da ONU, os impasses da política brasileira e os embates que atravessam a sociedade.
Victor Marques destacou a gravidade da situação na Palestina, lembrando que “a solução de dois estados não irá acontecer, o que deixa a Palestina ainda mais dramática”. Ele apontou que, diante da recusa de Benjamin Netanyahu em reconhecer o direito à autodeterminação palestina, restam apenas dois caminhos: a expulsão forçada ou a submissão permanente. Sandra Helena acrescentou que “alguns países estão limpando as mãos do sangue dos palestinos, preferindo medidas simbólicas em vez de ações eficazes para deter o genocídio”, chamando atenção para o uso do fundamentalismo religioso como pilar da colonização e da violência.
A conversa também analisou o contraste entre os discursos de Lula e Donald Trump na ONU. Enquanto o presidente brasileiro defendeu o multilateralismo e a cooperação global, o norte-americano se manteve em tom negacionista, chegando a desdenhar da própria instituição. Victor observou que, apesar das diferenças, “Trump percebeu no encontro casual com Lula a estatura de uma figura da história universal, capaz de ser adversário de igual para igual”. Sandra completou lembrando a frase marcante do discurso de Lula: “A suposta superioridade moral do Ocidente está enterrada sobre as ruínas de Gaza”, uma formulação que, segundo ela, sintetiza a crítica à ordem internacional desigual.
O programa ainda trouxe temas nacionais, como a fragmentação da direita após os surtos de Eduardo Bolsonaro e a movimentação de Michele Bolsonaro para se impor como liderança própria. As análises apontaram para o fortalecimento de Lula diante do tarifaço de Trump e para a capacidade de mobilização popular contra o Congresso, especialmente após a chamada PEC da Blindagem.
Com humor, não faltaram comentários sobre os bastidores, como a “polêmica da paçoca”, que circulou como meme nas redes, e a observação espirituosa de Sara sobre Lula: “Quem já esteve perto sabe que é impossível não querer abraçar, porque o homem é cheiroso”. Entre reflexões densas e ironias afiadas, Antes que acabe reafirmou seu papel de fechar o mês com uma leitura crítica, mas também divertida, dos fatos políticos que moldam o Brasil e o mundo.
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