Para Miguel Manso, decisão do ministro serve aos interesses dos Estados Unidos e reanima o bolsonarismo
No programa Democracia no Ar desta quarta-feira (10), transmitido pela TV e Rádio Atitude Popular, o engenheiro eletrônico e pesquisador Miguel Manso classificou o voto de Luiz Fux no Supremo Tribunal Federal como um movimento grave contra a soberania nacional. A análise foi feita em entrevista conduzida por Sara Goes, com comentários do jornalista Reynaldo Aragon.
Segundo Manso, integrante do Grupo de Pesquisa sobre Desenvolvimento Nacional e Socialismo da Fundação Maurício Grabois e coordenador de Políticas Públicas da Engenharia pela Democracia, o ministro agiu em sintonia com pressões externas: “Esse voto do Fux é uma afronta à Constituição brasileira, é colocar seu mandato a serviço de uma campanha política que interessa ao imperialismo e aos setores fascistas do país”.
Fux e a desestabilização do STF
A crítica veio após Fux defender a nulidade do processo contra Jair Bolsonaro e outros acusados de tentativa de golpe de Estado. Para o pesquisador, ao questionar a competência do STF, o ministro abriu espaço para narrativas que buscam fragilizar o tribunal e alimentar o discurso de perseguição. “Ele não apenas desqualifica um inquérito, ele desqualifica o próprio tribunal do qual faz parte”, afirmou Aragon, ao lembrar que a posição do magistrado fortalece setores que trabalham pela anistia no Congresso.
A dimensão internacional do conflito
Manso foi enfático ao relacionar o episódio à disputa geopolítica: “Os Estados Unidos vivem uma crise profunda de credibilidade e competitividade. Para preservar seus interesses, utilizam a guerra econômica, a guerra de comunicação e a guerra híbrida contra países que lutam pelo desenvolvimento e pela soberania”. Ele destacou que o Brasil se tornou alvo preferencial dessa pressão e que a decisão de Fux repercute como peça de uma engrenagem maior de desestabilização.
A força da sociedade e das instituições
Apesar da gravidade, Manso avalia que a maioria da população rejeita a anistia e apoia a responsabilização dos golpistas. Citando pesquisas recentes, lembrou que cerca de 70% dos brasileiros condenam o bolsonarismo. Para ele, isso reforça a legitimidade das decisões do Supremo: “Se o STF não tem competência para julgar uma tentativa de golpe contra a Constituição, qual instância teria? A justiça de primeira instância? O STJ? É evidente que cabe ao Supremo defender a Carta de 1988”.
Big Techs e soberania informacional
Aragon trouxe à discussão outro ponto central: a regulação das plataformas digitais. Ele observou que o argumento de Fux contra a suposta “politização” do Supremo ecoa as críticas da extrema direita norte-americana ao papel da Corte brasileira no enfrentamento às Big Techs. Manso concordou: “O Brasil já possui arcabouço jurídico para limitar abusos das plataformas e proteger a soberania informacional. O que falta é o Congresso atualizar e ampliar esse marco legal, como já ocorre na Europa”.
Democracia em disputa
Ao final, Manso defendeu que a sociedade se mobilize para evitar retrocessos: “Defender a Constituição é colocar limite sobre a ganância e a selvageria de uma minoria que não aceita regras. Soberano é o povo brasileiro, e cabe a nós fortalecer as instituições que garantem a democracia”.
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