Da Redação
Desinformação disseminada por políticos de extrema-direita, incluindo o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), deturpou uma normativa da Receita Federal para derrubar controle sobre movimentações via Pix, TED e cartões, favorecendo redes criminosas vinculadas ao PCC. Acusavam o governo de “taxar o Pix” e invadir sigilos, o que levou à revogação da medida antes mesmo de sua implementação.
Um esquema de desinformação orquestrado por figuras da extrema-direita ajudou a desarticular uma normativa da Receita Federal que visava incluir fintechs no mesmo patamar de fiscalização dos bancos tradicionais. A proposta, prevista para exigir que movimentações acima de R$ 5 mil via Pix, TED ou cartão fossem reportadas automaticamente ao fisco, foi anunciada em setembro de 2024, mas enfrentou forte reação nas redes sociais e na mídia. Mensagens acusavam o governo de querer taxar o Pix e violar o sigilo de pequenos negócios, gerando pânico entre trabalhadores autônomos e microempresários, que temiam cair na “malha fina”.
Em resposta à pressão política e ao alarde popular, o governo revogou a norma, mesmo contrariando a opinião da equipe econômica. O resultado, segundo a Receita Federal, foi uma brecha que permitiu que redes criminosas, como o PCC, utilizassem fintechs para lavar recursos ilícitos. A Operação Carbono Oculto, deflagrada em 28 de agosto de 2025, revelou como a ausência de regulamentação facilitou esse processo, expondo uma conexão entre crime organizado, fintechs e a poderosas engrenagem financeira da Faria Lima.
Vídeos e postagens — notadamente uma do deputado Nikolas Ferreira — alcançaram mais de 100 milhões de visualizações, espalhando fake news sobre taxação do Pix e gerando instabilidade política. Uma postagem irônica de um usuário resume o impacto: “Agora tá explicado porque Nikolas, Bolsonaro e outros gângsteres da extrema-direita atacaram a proposta (…) era pra proteger esquemas de lavagem de dinheiro como este do PCC.”
Isso provocou uma reestruturação da comunicação do governo, com a ascensão do publicitário Sidônio Palmeira para coordenar a resposta, enquanto a Receita reiterava que o objetivo nunca foi atacar pequenos negócios, mas fortalecer o monitoramento das transações digitais.