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Fed corta juros para 3,75%-4% e sinaliza cautela diante da desaceleração nos EUA

Da Redação

O Federal Reserve reduziu nesta quarta-feira (29 de outubro de 2025) a taxa de juros para a faixa entre 3,75 % e 4 % ao ano, marcando o segundo corte consecutivo. A decisão reflete receios quanto à desaceleração do mercado de trabalho, à falta de dados oficiais devido à paralisação governamental e à necessidade de sustentar o crescimento norte-americano em meio a turbulências globais.

A decisão e o contexto

O Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, anunciou mais um corte de 0,25 ponto percentual na taxa básica de juros, que agora passa a variar entre 3,75% e 4% ao ano.
É o segundo corte consecutivo desde setembro e marca uma virada no ciclo monetário norte-americano após quase dois anos de aperto agressivo para conter a inflação.

A decisão reflete a combinação de três fatores: a desaceleração da atividade econômica, a perda de dinamismo do mercado de trabalho e a ausência de dados oficiais recentes, resultado da paralisação parcial do governo.
O Fed destacou que as incertezas permanecem elevadas e que futuras decisões dependerão da evolução dos indicadores, especialmente da inflação e do emprego.


2. Um diagnóstico de desaceleração

Os relatórios internos do banco central apontam sinais de enfraquecimento no consumo, na produção industrial e na geração de empregos.
Embora a inflação tenha recuado em relação ao pico de 2023, ainda se mantém acima da meta de 2%, o que exige cautela.
A ausência de dados precisos, por conta do shutdown que interrompeu parte dos serviços estatísticos federais, deixou o Fed em posição delicada: decidir sem ter plena visibilidade sobre a economia.

Com isso, o Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) optou por “um passo calibrado”, buscando manter o crescimento, mas sem abrir espaço para nova escalada inflacionária.


3. Efeitos imediatos nos mercados

O corte dos juros repercutiu imediatamente nos mercados globais.
As bolsas reagiram com modesto otimismo, enquanto o dólar registrou leve desvalorização diante de outras moedas fortes.
Setores sensíveis aos juros, como o imobiliário e o de tecnologia, ganharam impulso.

Para os mercados emergentes, a decisão norte-americana traz efeitos mistos.
Por um lado, reduz o custo global do capital e alivia pressões cambiais; por outro, sinaliza que a economia dos EUA pode estar entrando em um ciclo de menor crescimento, o que reduz a demanda por commodities e afeta exportadores — inclusive o Brasil.


4. A visão do Fed: equilíbrio instável

O comunicado divulgado após a reunião manteve o tom de prudência.
O Fed reconhece que a inflação cedeu, mas insiste que o risco de reversão ainda existe, especialmente se houver aquecimento nos preços de energia ou revalorização dos salários.
A autoridade monetária reiterou seu compromisso de “agir conforme necessário” para garantir a estabilidade de preços, mas reforçou que os próximos passos dependerão “da totalidade dos dados”.

O banco central americano também admitiu que o cenário fiscal e político dos EUA está pesando sobre a confiança dos agentes econômicos.
A paralisia governamental, que já afeta pagamentos, estatísticas e investimentos públicos, é vista como um fator de risco adicional.


5. Repercussão global e efeitos no Brasil

No Brasil, a decisão do Fed foi recebida com atenção pelo Banco Central e pelo Ministério da Fazenda.
Com os juros americanos em queda, abre-se espaço para uma política monetária mais flexível em economias emergentes — mas a volatilidade global exige prudência.
Se a desaceleração americana se confirmar, os preços das commodities podem cair, reduzindo o superávit comercial brasileiro.

Por outro lado, a redução da taxa de juros nos Estados Unidos tende a valorizar moedas de países em desenvolvimento e aliviar pressões cambiais.
Economistas avaliam que o momento pode favorecer a retomada de investimentos produtivos no Brasil, desde que o país mantenha estabilidade fiscal e inflação sob controle.


6. Um ponto de virada incerto

O corte de juros sinaliza o reconhecimento de que o ciclo de aperto monetário chegou ao limite de eficácia.
Agora, o desafio do Fed é equilibrar estímulo e estabilidade — garantir que o remédio para o crescimento não reacenda a inflação.
Analistas preveem que novos cortes podem ocorrer em 2026, mas o cenário permanece incerto e dependente da recuperação do setor produtivo e da reabertura completa do governo federal.

O movimento do Fed reforça a transição para uma fase de economia global mais instável e interdependente, em que cada decisão de Washington repercute imediatamente no restante do planeta.

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