Da Redação
A primeira fase da ferrovia já está com 76 % de avanço físico: testes com cargas começam entre Piauí e Ceará neste mês. O empreendimento de 1.061 km promete integrar Nordeste e transformar logística regional.
A obra da ferrovia Transnordestina alcança novo marco: com 76 % de execução física, inicia em outubro a fase de testes com cargas. É uma etapa decisiva rumo à conclusão da primeira fase do projeto, prevista para conectar os estados do Ceará, Pernambuco e Piauí até 2027.
A fase de testes — chamada de “operação comissionada” — permitirá movimentação de cargas como soja, milho, farelo de soja e calcário entre trechos como o de Bela Vista do Piauí e Iguatu (CE). Esse momento será crucial para aferir o traçado, a qualidade dos trilhos, sistemas logísticos e eventuais gargalos, antes da operação plena da ferrovia.
Atualmente, seis lotes estão em construção, e dois ainda aguardam contratação. O projeto inclui a implantação de 19 estações ferroviárias ao longo dos 1.061 km da primeira etapa. O custo estimado para essa fase gira em torno de R$ 15 bilhões, com participação do governo federal e recursos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste.
Além do traçado principal, outro diferencial estratégico são os terminais logísticos. Serão construídos seis terminais ao longo da ferrovia; os primeiros, em Piauí e em Iguatu, já tiveram obras iniciadas, enquanto outros pontos ainda dependem de definição da localização e contratos.
O governo espera que, ao conectar esses trechos ferroviários ao Porto do Pecém (CE), a Transnordestina ganhe escala e viabilize ramais adicionais — como ligações ao Porto de Suape (PE) e integração com a Ferrovia Norte-Sul.
Os impactos econômicos e sociais projetados para a região são volumosos. No semiárido nordestino, a ferrovia deve fomentar desenvolvimento em torno da irrigação, unir-se a políticas de segurança hídrica (como a transposição do Rio São Francisco) e mobilizar crescimento anual estimado em R$ 7 bilhões nas áreas intersectadas.
O empreendimento ainda carrega riscos e desafios. A contratação dos lotes restantes, os ajustes nas interfaces com portos, a viabilidade logística dos terminais e a garantia de fluxo de recursos são pontos sensíveis. A diferença entre testes bem-sucedidos e operação plena será determinante. Se tudo correr conforme o planejado, a Transnordestina poderá reduzir custos logísticos, dinamizar exportações do Nordeste e consolidar um eixo de integração regional historicamente adiado.