Atitude Popular

“Financiamento já para a mídia popular!”

Nova coordenação do FNDC terá maioria feminina, aposta em capilaridade nacional e coloca regulação de plataformas e fortalecimento da EBC no centro da agenda

O Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação elegeu nesta quarta, 10 de setembro, sua nova Coordenação Executiva em plenária realizada em Fortaleza, com delegadas e delegados de todo o país. A informação foi tema do Democracia no Ar, da TV Atitude Popular, apresentado por Sara Goes, que entrevistou a jornalista Katia, editora-chefe do Brasil de Fato RS, integrante do Núcleo Piratininga de Comunicação e da diretoria do SindjoRS, escolhida para a coordenação nacional do FNDC.

Segundo Katia, a composição marca um reposicionamento político e organizativo do Fórum. A executiva terá maioria de mulheres e forte presença de entidades que atuam em formação, direito à comunicação e produção popular. “Para democratizar de fato, as mídias populares precisam de espaço, de voz e de financiamento, principalmente financiamento”, afirmou. A Secretaria-Geral ficará com Helena Martins, da UFC e do Dircom, a Secretaria de Finanças com Larissa Gold, do Barão de Itararé, a Organização com Caroline Iberaldo Evangelista, da UJS, a Formação com Luís Carlos Vieira, da CNTE, Políticas Públicas com Renata Mafezoli, da Fenaj, e Comunicação com Tadeu Porto, da CUT. Katia representará o Núcleo Piratininga de Comunicação.

A nova gestão assume com um plano de lutas que combina urgências regulatórias e reconstrução institucional. De um lado, o Fórum quer intervir nos debates sobre regulação das plataformas digitais, transparência algorítmica e impactos da inteligência artificial no trabalho, tema discutido no encontro com participação do pesquisador Sérgio Amadeu. De outro, pretende reativar comitês estaduais e municipais, ampliar a presença na sociedade civil organizada e retomar a incidência em conselhos e conferências. “Temos de recompor a teia do Fórum, fortalecer a capilaridade e recolocar a comunicação como eixo de direitos humanos”, disse Katia, ao anunciar a realização de uma conferência livre de direitos humanos, em etapas online até o fim do ano, com foco na atualização do capítulo de comunicação do Plano Nacional.

A defesa do sistema público também será prioridade. A entrevistada apontou a urgência de garantir estrutura, concursos, participação social e presença territorial da EBC, com retransmissoras e janelas para conteúdos de comunicação popular. Ela criticou a assimetria de investimentos na transição tecnológica da TV 3.0, lembrando que rádios e TVs comunitárias, bem como veículos independentes, precisam ser incluídos em políticas de fomento. “Se o financiamento público ignorar o ecossistema popular, o país repetirá a velha concentração, agora com novas engrenagens tecnológicas”, alertou.

Katia ressaltou que o FNDC manterá articulação no Congresso, onde o Fórum já atuou em audiências públicas sobre o PL das plataformas, e reforçará a cobrança por políticas estaduais de comunicação, inclusive fundos, editais e conselhos. Na plenária, foram aprovadas moções pelo fortalecimento da EBC e em defesa da vida de jornalistas em zonas de conflito, com repúdio ao assassinato de profissionais na Palestina. “Comunicação democrática é condição para democracia substantiva, sem pluralidade não há país que se reconheça”, afirmou.

A nova coordenadora pretende aproximar o FNDC das universidades, com ações de formação e pesquisa aplicadas ao campo popular. Ela relatou a participação em levantamento nacional sobre mídias populares, periféricas e independentes, realizado por consultores em parceria com a SECOM e a Unesco, que mapeou centenas de iniciativas em todo o Brasil e servirá de base para um guia de boas práticas e materiais de educomunicação. “Existe um Brasil comunicador vibrante nas periferias, no interior, em sindicatos, coletivos, canais comunitários, o que falta é política pública perene e critérios que não expulsem os pequenos”, disse.

Ao avaliar o sentido político do ciclo que se inicia, Katia foi enfática ao identificar os obstáculos históricos, entre oligopólios midiáticos e o poder das grandes plataformas. Para ela, a pauta do FNDC segue nítida, com compromisso com a pluralidade, a desconcentração e a soberania informacional. “Sabemos com quem estamos disputando o sentido da esfera pública e por que lutamos”, concluiu, lembrando que a executiva recém-eleita combinará experiência de movimentos sociais e renovação geracional para atravessar um biênio de eleições, conflitos informacionais e mudanças tecnológicas aceleradas.


📺 Programa Democracia no Ar
📅 De segunda à sexta
🕙 Das 10h às 11h
📺 Ao vivo em: https://www.youtube.com/TVAtitudePopular
💚 Apoie a comunicação popular!
📲 Pix: 33.829.340/0001-89

compartilhe: