Da Redação
A Federação Única dos Petroleiros classifica como estratégica a retomada da Petrobras no segmento de gás de cozinha e exige avanço para abranger também combustíveis líquidos.
Em 8 de agosto de 2025, o Conselho de Administração da Petrobras deu sinal verde para o retorno da estatal ao setor de distribuição de gás liquefeito de petróleo (GLP) — o gás de cozinha — revertendo uma decisão tomada há cinco anos durante o processo de privatização, que resultou na venda da Liquigás. A medida será incorporada ao novo plano estratégico, com foco em integração de negócios e soluções de energia de menor carbono. A retomada foi amplamente celebrada como “fundamental para a Petrobras reocupar o papel regulador no setor” pela Federação Única dos Petroleiros (FUP).
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, afirmou que a decisão busca “deixar portas abertas” para oportunidades futuras, sinalizando intenção de capturar margens mais adequadas no mercado. Ela mencionou que, se houver sinergia e atratividade, é legítimo explorar essa atuação estratégica.
Para a FUP, a medida representa “uma vitória dos trabalhadores e bandeira de luta histórica”, sobretudo porque já constava das plataformas de campanha do presidente Lula e foi debatida no processo de transição e no Conselhão. Deyvid Bacelar, coordenador‑geral da entidade, destacou que agora resta deliberar sobre a volta definitiva à distribuição de gasolina, diesel, álcool e lubrificantes — atividades anteriormente realizadas pela BR Distribuidora — e ainda enfrentar judicialmente o que chamou de “contrato draconiano firmado na privatização”.
A FUP também alertou para distorções de preços na ponta final: entre janeiro de 2023 e abril de 2025, houve quedas expressivas nos preços nos refinados — até 23,9 % no diesel, mas apenas 2,3 % de repasse aos consumidores; e no GLP, queda de 6,9 %, enquanto nas bombas, o recuo foi de apenas 0,6 %. Esses desvios reforçam, segundo a entidade, a necessidade de atuação direta da estatal para garantir preços mais justos.
Apesar da cláusula de não concorrência com a Vibra (ex-BR Distribuidora) — válida até 2029 —, a Petrobras pode retomar o GLP. A empresa informou que não há discussão interna sobre descumprir essa cláusula. Com a previsão de operar o novo módulo de processamento de gás natural (UPGN) do Gaslub ainda este ano, a estatal pretende aumentar sua produção de GLP e reforçar o setor de logística e abastecimento.