Atitude Popular

Governo fortalece base e impõe derrotas à oposição na CPMI do INSS

Da Redação

Aliados de Lula garantem até 19 dos 32 votos na CPMI que investiga descontos no INSS e já barraram convocações polêmicas, revertendo derrotas iniciais e buscando controlar as investigações.

A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga irregularidades nos descontos de benefícios do INSS virou palco de um jogo de força política entre governo e oposição — e, nas últimas semanas, os governistas conseguiram impor derrotas estratégicas, revertendo o panorama adverso do início. Segundo aliados nacionais, o grupo pró-Lula afirma controlar até 19 dos 32 votos do colegiado, fato que tem permitido barrar requerimentos considerados danosos à administração federal.

No começo, a oposição conseguiu impor a presidência e a relatoria da comissão. O senador Carlos Viana, do Podemos, assumiu a presidência, enquanto o deputado Alfredo Gaspar, do União, ficou com a relatoria, ambos escolhidos por voto majoritário da CPMI. Na disputa pela presidência, Omar Aziz, indicado por lideranças do Senado, foi derrotado por 17 a 14.

Movido pela reorganização da base, o governo iniciou contra-ataques em votações internas, obtendo vitórias decisivas. Em 2 de outubro, governistas conseguiram barrar por 16 a 14 a convocação de Edson Claro Medeiros, ex-funcionário do INSS, que havia sido objeto de requerimento assinado por deputados da oposição. O relator Gaspar defendia que Medeiros fosse ouvido, mas o requerimento foi retirado pelo deputado Rogério Correia, gerando tensão interna entre o presidente da CPMI e a coordenação da base.

Na semana anterior, o governo já havia bloqueado convocações de Gustavo Gaspar, ex-assessor de senador, e do empresário Silas Bezerra Alencar, ligado à Contag. Ambos os pedidos foram rejeitados em votação de 19 a 11.

A estratégia agora é usar a vantagem numérica para limitar o alcance das investigações, controlar convocações e requerimentos que considerem excessivos, além de distribuir focos de apuração em instâncias que possam desgastar adversários bolsonaristas. A base também busca multiplicar frentes de investigação envolvendo o governo anterior, para assim diluir a atenção sobre a gestão atual.

Mesmo com esse avanço, o governo reconhece que o risco ainda existe: grande parte do material sob sigilo já entregue, como quebras de sigilo, pode trazer surpresas favoráveis à oposição. Se novos documentos vierem a público, poderão alterar o rumo da CPMI.

Em síntese, o governo conseguiu se reerguer dentro da CPMI do INSS, reverter derrotas iniciais e impor seu ritmo de agenda legislativa. Contudo, permanece em alerta, porque a comissão, com seu poder de investigação e sigilo, ainda tem o potencial de gerar dissabores políticos — especialmente se adversários conseguirem filtrar documentos ou pautar o desgaste antes que o colegiado publique seu relatório final.