Da Redação
Após protocolar consulta na OMC e adotar postura firme, o governo brasileiro espera agora gesto dos Estados Unidos para negociar tarifas de 50%, rejeitando condicionamentos sobre assuntos internos.
Em 7 de agosto de 2025, o Palácio do Planalto permanece em compasso de espera em função da ausência de resposta formal da Casa Branca aos apelos por uma negociação centrada exclusivamente em comércio. A avaliação interna é de que o Brasil já demonstrou plena disposição ao diálogo — mas sem aceitar condicionamentos sobre temas internos, especialmente o processo judicial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro. A expectativa do governo é que os Estados Unidos apresentem um gesto político significativo nas próximas semanas, com a resposta oficial sendo preparada para ser entregue até o dia 18 de agosto.
O país segue com postura firme: preferiu abrir consulta junto à Organização Mundial do Comércio (OMC), questionando os 50% de tarifas impostas pelos EUA e reforçando a violação de compromissos multilaterais. Apesar disso, acredita-se que o efeito prático do recurso seja limitado, dada a crise interna do sistema de resolução de disputas da OMC. Entretanto, o gesto tem valor simbólico — e destaca o comprometimento brasileiro com o multilateralismo.
Internamente, o governo optou por concentrar esforços na proteção econômica dos setores mais afetados — por meio de linhas de crédito especiais, prorrogação de prazos de financiamento e incentivos ao comércio exterior — em vez de retaliar imediatamente. A diplomacia trabalha paralelamente em interlocuções discretas com Brasília e Washington, enquanto articula apoio junto a nações emergentes e parceiros estratégicos.
O presidente Lula reafirmou que não aceitará humilhações — e que negociações diretas com Trump só ocorrerão se houver abertura genuína. Ele sinalizou vontade de intensificar diálogos com líderes como Modi e Xi, reforçando uma estratégia de aproximação com BRICS e outras frentes multilaterais. Ao mesmo tempo, o governo estuda mecanismos legais e tributários para equilibrar futuras pressões comerciais e proteger setores-chave, como tecnologia e mineração, sem recorrer a tarifas de retaliação imediatas.
Na cena global, a ação brasileira recebeu apoio simbólico de vários governos e organizações internacionais, que ressaltaram a importância de respeito à soberania e soluções diplomáticas. Em meio a esse quadro, a expectativa em Brasília é que, em breve, os canais americanos respondam à consulta e a negociação comercial possa ser efetivamente retomada.