Da Redação
Ministro da Fazenda defende o Pix como tecnologia gratuita e estatal, afirma que privatização “não está nem no sonho” e denuncia pressão de multinacionais incomodadas com a inovação brasileira.
Nesta terça-feira, 5 de agosto de 2025, durante reunião do Conselhão no Palácio do Itamaraty, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, protagonizou uma forte declaração ao defender o Pix como “a primeira moeda digital soberana do mundo”. Ele deixou claro que qualquer ideia de privatização da plataforma está “completamente fora de cogitação”.
Haddad destacou que o Pix foi desenvolvido pelo Banco Central e beneficia milhões de brasileiros com transações instantâneas e gratuitas — principalmente pessoas que nunca passaram por uma agência bancária. Segundo o ministro, questionar essa tecnologia é uma afronta à modernidade e ao bem-estar da população.
O ministro denunciou a pressão de multinacionais, especialmente norte-americanas, que enxergam o Pix como uma concorrência aos seus sistemas de pagamento eletrônicos, como cartões de crédito e aplicativos como WhatsApp Pay. Ele afirmou que o Brasil não vai ceder à pressão de corporações incomodadas com uma solução pública e inclusiva. “Eles ganharam por décadas com suas tecnologias, agora se incomodam porque temos uma plataforma gratuita. Nós não podemos nem pensar em privatizá-la”, afirmou.
O chanceler Mauro Vieira completou que o governo brasileiro pretende apresentar uma resposta formal à investigação comercial dos EUA — conduzida pelo Escritório de Representação Comercial (USTR) — até 18 de agosto. Essa investigação aponta o Pix como possível prática desleal, ainda que sem mencionar diretamente a plataforma brasileira.
Haddad ressaltou ainda que o Brasil não rejeita parcerias com os EUA em setores estratégicos como mineração e tecnologia. No entanto, reforçou que cooperação nunca será sinônimo de subordinação: “Queremos mais parceria, mas sem cair na ilusão de relações desiguais baseadas em pressão e desinformação”.
As falas marcam uma posição clara do governo Lula-Haddad em torno da soberania tecnológica, alinhando-se a discursos mais amplos de autoproteção contra ingerências comerciais externas e disputas injustas de poder econômico.