Da Redação
Porta-voz do Hamas condiciona o desarmamento à constituição de um Estado soberano com forças armadas próprias, afirmando que a resistência seguirá enquanto a ocupação persistir.
O Hamas declarou recentemente que só entregará suas armas quando for criado um exército nacional palestino vinculado a um Estado soberano, com autoridade plena para tomar decisões sobre segurança e defesa. O porta-voz do grupo, Walid Kilani, reafirmou que a resistência continuará enquanto durar a ocupação israelense, e que o desarmamento não será aceito como parte de nenhum acordo até que essa condição seja cumprida.
Segundo Kilani, “nunca consideramos entregar nossas armas e nunca vinculamos nosso consentimento a essa questão”. Ele enfatizou que entregar as armas só será possível após o estabelecimento de um Estado plenamente soberano com poder legítimo de proteger seu povo. A declaração se dá num momento de negociações de cessar-fogo propostas por países mediadores, mas com forte resistência por parte do Hamas sobre termos de desarmamento unilateral.
Internamente, a fala reforça a postura de linha dura do Hamas: o grupo mantém que armas são um direito e um elemento de autonomia enquanto não houver fim da ocupação. Politicamente, essa posição complica acordos de trégua, pois aumenta a exigência sobre interlocutores palestinos para garantir que condições estruturais — sobretudo, a formação de forças armadas nacionais — façam parte de qualquer desfecho.
Diplomaticamente, a exigência serve ao Hamas como estratégia de barganha. Ao condicionar o desarmamento à criação de instituições estatais, o movimento reforça que não aceitará termos desfavoráveis ou que fragilizem sua posição de poder. Para outros atores envolvidos — como Estados Unidos, Egito e POTÊNCIAS do Golfo — isso impõe que qualquer acordo leve em conta a estrutura política interna palestina e não apenas cessar-fogos temporários.
Do ponto de vista prático, formar um exército nacional palestino implica desafios enormes: consensos institucionais (Cisjordânia, Gaza, Autoridade Palestina, facções independentes), reconhecimento internacional, financiamento, logística, padronização e controle democrático. A posição do Hamas, portanto, representa mais uma pedra no caminho para acordos de paz rápidos e coloca o foco nas reformas internas antes da cessação do conflito.