Atitude Popular

Irlanda pressiona UE por sanções mais duras a Israel

Da Redação

Governo irlandês pede clareza do bloco europeu sobre medidas punitivas a Israel por violação de leis internacionais e comércio oriundo de assentamentos ocupados.

O governo da Irlanda intensificou nos últimos dias sua mobilização diplomática para que a União Europeia adote sanções mais incisivas contra Israel, em resposta às denúncias de violação de direitos humanos em Gaza e territórios ocupados. A exigência parte especialmente do ministro das Relações Exteriores irlandês, que promete apresentar uma legislação interna destinada a proibir importações provenientes de assentamentos israelenses ocupados.

Esse avanço se dá em meio a uma crescente insatisfação pública na Irlanda e em outros países da UE com a lentidão e o caráter, até agora, parcial das respostas das instituições europeias. A Comissão Europeia anunciou pacotes de medidas que incluem o congelamento de fundos, sanções seletivas sobre pessoas envolvidas com questões de colonização, e a revisão de certas disposições do tratado de associação entre UE e Israel. A Irlanda, no entanto, busca algo mais concreto: legislação doméstica que impeça legalmente que empresas irlandesas importem mercadorias produzidas em territórios ocupados, assegurando assim que o país não contribua economicamente para práticas consideradas ilegais sob o direito internacional.

A proposta apresentada internamente na Irlanda é chamada de “Israeli Settlements (Prohibition of Importation of Goods) Bill 2025”. Se aprovada, tornaria crime importar bens originários dos assentamentos israelenses nos territórios ocupados. Embora o volume comercial envolvido não seja grandioso, o valor simbólico é elevado, e pode servir de precedente para outros países do bloco. O governo reconhece que existem desafios: alinhamento com as políticas comerciais da UE, questões de jurisdição, possíveis retaliações diplomáticas, e o escrutínio de empresas envolvidas em comércio internacional.

Internamente, essa oferta normativa atrai debates sobre coerência entre postura ética do Estado e interesses econômicos. A Irlanda já havia reconhecido oficialmente o Estado Palestino em 2024, e essa medida de sanções ou proibição de importações é vista como uma extensão lógica dessa posição, segundo diplomatas locais.

Nos bastidores da UE, há tensão: alguns Estados-membros apoiam posições mais firmes contra Israel, mas esbarram em acordos comerciais, interesses estratégicos regionais, e receios de retaliações ou rompimento de cadeias produtivas. A Comissão Europeia tenta conciliar essas pressões com a necessidade de manter coesão entre os países do bloco, evitando divisões que enfraqueçam decisões conjuntas.

Se tudo correr conforme proposto, os próximos passos incluem: aprovação do projeto irlandês no parlamento nacional, mobilização de outros países para assinarem carta ou aderiarem a coalizões semelhantes, e pressão para que as sanções anunciadas pelo bloco europeu sejam ampliadas e implementadas com prazos definidos.