Da Redação
Aprovada em plenário da Câmara e com sinais de consenso no Senado, a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil juntou-se a iniciativas e anúncios para a COP30 em Belém — combinação que muitos analistas passam a chamar de “momento simbólico de virada” no terceiro mandato de Lula.
1. Justiça fiscal e impacto social: a nova faixa de isenção
A Câmara dos Deputados aprovou o projeto que amplia a faixa de isenção do Imposto de Renda para trabalhadores que ganham até R$ 5 mil por mês. A medida, que segue agora para o Senado, representa uma das maiores mudanças na política tributária brasileira das últimas décadas e beneficia diretamente a classe média e os trabalhadores formais.
A proposta inclui também uma redução progressiva da alíquota para rendas entre R$ 5 mil e R$ 7.350, garantindo maior proporcionalidade na cobrança de impostos. Segundo estimativas, mais de 13 milhões de brasileiros deixarão de pagar Imposto de Renda com a nova regra — um marco de desoneração direta da base produtiva e consumo popular.
Para compensar a renúncia fiscal, o governo planeja aumentar a tributação sobre grandes rendas e dividendos, fortalecendo a narrativa de justiça tributária e redistribuição de recursos. O impacto esperado é de cerca de R$ 25 bilhões no orçamento, valor que será absorvido por um modelo mais equilibrado de arrecadação.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, destacou que a política fiscal não é apenas instrumento técnico, mas também uma escolha ética de governo: aliviar quem trabalha e fazer com que quem tem mais contribua de forma proporcional.
2. COP30 e a projeção internacional do Brasil
Enquanto a agenda econômica avança, a semana também foi marcada por conquistas na preparação para a COP30, que será realizada em 2026, em Belém (PA). O governo federal anunciou novos investimentos em infraestrutura, saneamento e energia limpa para a região amazônica, consolidando o papel do país como líder global na transição ecológica e no debate climático.
A COP30 é tratada como o maior evento internacional da história recente do Brasil, reunindo mais de 190 países e organizações multilaterais. A escolha da Amazônia como sede carrega um simbolismo duplo: posiciona o Brasil no centro do debate climático e reafirma a soberania sobre o bioma mais cobiçado do planeta.
Durante a semana, o presidente Lula reforçou que o país pretende chegar à conferência com metas ambiciosas de descarbonização, reindustrialização verde e ampliação de políticas de reflorestamento e energia limpa. O governo também anunciou novos acordos de cooperação com nações europeias e asiáticas para financiamento de projetos sustentáveis na região amazônica.
Ministros e governadores do Norte participaram de reuniões técnicas para definir protocolos de segurança, infraestrutura e diplomacia para o evento, que deve movimentar bilhões de reais e gerar milhares de empregos diretos.
3. A conjunção de símbolos: redistribuição e sustentabilidade
As duas conquistas — a ampliação da faixa de isenção do IR e os avanços da COP30 — funcionam em sinergia. Juntas, compõem um quadro político raro em tempos de polarização: resultado concreto interno e protagonismo internacional.
A nova política tributária reforça o eixo da inclusão social e da redistribuição de renda, enquanto a COP30 projeta o Brasil como voz progressista no sistema multilateral, defendendo a integração entre desenvolvimento econômico e proteção ambiental.
Para aliados do governo, essa combinação devolve vigor ao projeto político iniciado em 2003, reafirmando Lula como líder capaz de equilibrar a economia e o meio ambiente, o social e o global, o popular e o diplomático.
Para críticos, o desafio é transformar vitórias simbólicas em resultados estruturais e garantir que as medidas não se tornem insustentáveis fiscalmente. Ainda assim, mesmo setores de oposição reconhecem que a semana representou um ponto de inflexão no humor político e econômico do país.
4. A “melhor semana” do terceiro mandato
Entre a isenção de impostos, a retomada do crescimento do emprego e o prestígio diplomático conquistado no cenário internacional, o governo Lula conseguiu algo que poucos imaginavam neste estágio do mandato: um ciclo de boas notícias em todas as frentes.
Com os números do desemprego em queda, a inflação controlada, a credibilidade externa em alta e a agenda ambiental avançando, a semana é vista como um divisor de águas — um momento em que o governo deixou de reagir a crises e passou a definir a pauta nacional e global.
Lula encerrou a semana reafirmando que o Brasil quer ser exemplo de soberania, justiça social e compromisso ambiental, três eixos que se tornaram marcas de sua liderança no século XXI.