Atitude Popular

Israel aprova estratégia que coloca em risco reféns remanescentes em Gaza

Da Redação

A liderança militar israelense reconheceu que a ocupação total de Gaza colocaria em perigo a vida dos reféns ainda mantidos em cativeiro, mas o governo de Netanyahu segue em direção à ofensiva urbana máxima — uma decisão que familiares e grupos de defesa dos reféns interpretam como um “sentença de morte”.

Em meio à escalada da guerra em Gaza, a liderança militar de Israel admitiu que uma ocupação total da região representa risco real de morte para os poucos reféns ainda vivos. Apesar dessa constatação, o governo do primeiro-ministro Netanyahu aprovou planos para limpeza étnica e conquista de áreas urbanas onde os prisioneiros estariam localizados.

O chefe do Estado-Maior israelense, Eyal Zamir, alertou que “quanto mais penetrarmos em zonas sensíveis, maior será o perigo para os reféns”, mas manteve seu apoio à intensificação da ofensiva. Essa postura desconsidera os sinais de uma estratégia que, para organizações que representam as famílias, equivale a um julgamento capital — encapsulado na crítica de que o governo “sentenciou os reféns vivos à morte e os mortos ao desaparecimento”.

O Hamas, por sua vez, reafirmou que os planos maximalistas de Netanyahu expõem ainda mais os reféns ao perigo extremo. Para a resistência palestina, a ofensiva demonstra que a prioridade do Estado hebraico é eliminar qualquer barganha política que os reféns ainda possibilitem.

No centro dessa lógica beligerante está o ministro das Finanças Bezalel Smotrich, integrante-chave da coalizão de governo, que chegou a declarar que a devolução dos reféns por meio de negociações não era a questão mais importante. Fontes informaram que ele teria sabotado acordos de libertação negociados pelas forças de segurança e inteligência de Israel, em conjunto com os militares. Essa tensão entre diplomacia e perseverança militar emerge como um indicador claro do rumo da agenda de “vitória total” adotada por partes do Executivo.

Esse movimento dá sequência à controversa “Diretriz Hamsin” lançada em 7 de outubro de 2023 — que autorizou o uso indiscriminado de fogo contra qualquer veículo suspeito que estivesse transportando reféns, mesmo correndo o risco de assassinato em massa dos próprios cidadãos israelenses retidos pela resistência palestina. O protocolo já resultou na morte de dezenas de reféns por ações militares israelenses dentro de Gaza, comprovando uma escalada dramática e autodestrutiva.

Diante desse cenário, o número de reféns remanescentes no território se reduz a uma contagem emocional, filtrada pelo risco de destruição urbana, fome e bombardeios contínuos. A decisão de intensificar a ocupação, ignorando o perigo claro à vida dessas pessoas, acende o alerta: diplomacia e humanidade parecem ter sido suplantadas por uma lógica de annihilação política — uma escolha que desafia as linhas mais básicas dos direitos humanos.