Da Redação
Segundo o analista da Foreign Affairs, Israel prolonga conflito sem alternativa política, enquanto comunidade internacional se afasta e pede Estado da Palestina.
Na edição mais recente da Foreign Affairs, o analista afirma que Israel está travando uma guerra que não pode vencer. O título original do artigo — “Israel Is Fighting a War It Cannot Win” — já explicita a convicção do autor: não há desfecho político viável dentro da lógica militar. O prolongamento do conflito, sem alternativa política concreta, revela a armadilha em que Israel se colocou.
Após quase dois anos de operações militares para destruir o Hamas, a análise aponta que Israel não possui um plano de fim de guerra. O esforço bélico não apenas se mostra infrutífero, como também aprofundou a devastação humanitária, ampliou o isolamento internacional e minou a estabilidade interna. Israel pode destruir parte das capacidades militares do Hamas, mas não conseguirá impor controle político sobre Gaza nem alcançar a paz.
Ex-líderes militares e de inteligência israelenses, incluindo o ex-primeiro-ministro Ehud Barak e o ex-chefe do Mossad Tamir Pardo, já alertaram que Israel está à beira da derrota estratégica. Segundo eles, o país se encontra em uma rota de colisão, onde a insistência no caminho militar sem uma saída política agrava o desgaste do próprio Estado.
O historiador militar Martin Van Creveld já havia afirmado em análises anteriores que Israel enfrenta um dilema sem solução: lutar contra um inimigo mais fraco o expõe à acusação de brutalidade desproporcional; perder ou recuar significa ser visto como um Estado frágil e derrotado. A atual ofensiva contra Gaza parece repetir esse ciclo.
A comunidade internacional, por sua vez, amplia a pressão por uma solução diplomática. Países como Reino Unido, França, Canadá e Austrália passaram a reconhecer a necessidade urgente de um Estado Palestino independente. Nos Estados Unidos, a base de apoio ao governo Netanyahu derrete, especialmente entre jovens e setores democratas.
O artigo conclui que o prolongamento do conflito, somado à ausência de uma proposta política realista, empurra Israel para um isolamento diplomático crescente, minando a legitimidade do país e colocando em risco sua própria segurança a longo prazo. O fracasso em estabelecer um horizonte de paz sustentável ameaça não só Gaza, mas a própria estabilidade de Israel no cenário global.
