Da Redação
Diplomatas dos governos brasileiro e americano já teriam iniciado conversas para viabilizar um encontro entre Lula e Trump após gesto cordial dos dois na ONU; Brasil mantém cautela diante da imprevisibilidade do presidente americano.
Após um gesto de cordialidade entre os presidentes Lula e Donald Trump durante a Assembleia Geral da ONU, diplomatas brasileiros e americanos deram início a tratativas para viabilizar um encontro direto entre as lideranças. A aproximação marca uma tentativa de reverter meses de tensão diplomática entre os dois países e sinaliza que a relação bilateral pode atravessar um novo momento.
Segundo fontes ligadas ao governo brasileiro, a diplomacia de Brasília encara esse diálogo com prudência, justamente por reconhecer a natureza imprevisível de Trump. O elogio público dele a Lula — em que destacou “ótima química” no encontro na ONU — foi recebido com otimismo nos corredores do Itamaraty, mas também com cautela.
Formatos possíveis para o encontro
Entre as modalidades consideradas estão:
- uma conversa telefônica formal entre os dois presidentes;
- uma videoconferência de agenda intermediária;
- e, no horizonte, uma reunião presencial, caso seja possível conciliar agendas.
Embora o encontro presencial ainda seja ambicioso no curto prazo, a opção virtual é vista como alternativa mais plausível para o início da interlocução bilateral.
Pauta em discussão
Os diplomatas já começaram a mapear os temas que poderiam constar da agenda entre os dois países. Entre os assuntos mais prováveis estão:
- cooperação comercial e investimentos bilaterais;
- mineração de metais críticos e terras raras;
- energia limpa e transição energética;
- regulação de plataformas digitais (big techs);
- questões relacionadas ao clima e ao meio ambiente.
Cautela e incertezas
Apesar do movimento diplomático, analistas e autoridades brasileiras reforçam que não podem haver concessões que envolvam soberania, independência do Judiciário ou interferência política. O governo deixa claro que dialogar não significa abdicar de princípios.
Do lado dos EUA, o gesto de reaproximação sinaliza uma possível mudança de tom na política externa em relação ao Brasil. A administração americana, pressionada por tensões comerciais e críticas diplomáticas, parece disposta a abrir espaço para reconciliação prática, especialmente no terreno econômico.
O que esperar
Nas próximas horas, diplomatas devem formalizar convites e acertar a logística do encontro. Se confirmada a reunião — mesmo virtual —, ela poderá redefinir o tabuleiro da diplomacia Brasil-EUA e pavimentar uma agenda mais pragmática. A expectativa é que Bolsonaro e seus apoiadores observem com atenção esse movimento, visto que simbolicamente pode enfraquecer alianças que mantêm com a Casa Branca.