Economista avalia que condenações no STF têm efeito dissuasório, sinalizam normalidade democrática e bloqueiam a reprodução do projeto autoritário
O avanço do julgamento de Jair Bolsonaro e do núcleo civil e militar acusado de tentar romper a ordem constitucional recolocou o país diante de uma escolha óbvia, aplicar a lei e sinalizar que a aventura autoritária tem custo real. Para o economista Fábio Sobral, a resposta do Supremo Tribunal Federal encerra um ciclo de impunidade que atravessou a história republicana recente e cria dissuasão para novas tentativas.
As declarações foram dadas por Fábio Sobral em entrevista ao programa Democracia no Ar, da Rádio e TV Atitude Popular, apresentado por Sara Goes. Ao comentar as sessões desta semana, ele resumiu o sentido político do processo, “Pacificar é colocar na cadeia esse pessoal”, afirmou, ao defender punições que incluam perda de cargo, aposentadoria e direitos políticos.
Sobral destacou que a ofensiva golpista esteve perto de produzir tragédias. “Eles quase matam o Alexandre de Morais”, disse, ao lembrar relatos sobre planos de ataque a autoridades. Para ele, a responsabilização atinge não apenas executores, mas toda a cadeia de comando que sustentou a tentativa de ruptura. “É preciso que a pessoa tenha medo”, disse, ao tratar do efeito pedagógico de condenações e sanções.
O economista também chamou atenção para a mensagem institucional emitida pelo próprio rito do julgamento. A continuidade de agendas do Ministério Público, mesmo durante sessões decisivas, foi lida como demonstração de normalidade democrática. Na prática, avaliou, o processo contra o ex-presidente é mais um entre tantos, com carga histórica evidente, porém submetido às regras ordinárias do Estado de Direito, o que retira da extrema direita o palco do espetáculo e a narrativa de excepcionalidade.
Ao revisitar o histórico brasileiro de quarteladas e conspirações, Sobral apontou a persistência de um projeto autoritário que combina tutela militar e domínio miliciano nos territórios urbanos. Na leitura dele, a punição aos atuais réus é condição para bloquear a reprodução desse padrão. “Julgar esse pessoal pode nos colocar a possibilidade de um novo projeto”, afirmou, vinculando a responsabilização ao fortalecimento de políticas públicas e à retomada de prioridades civis.
O caso Bolsonaro, para Sobral, já produz efeitos colaterais positivos, como o engavetamento de tentativas legislativas de blindagem penal de autoridades. Ao mesmo tempo, expõe o isolamento externo do ex-presidente, que não encontrou amparo internacional enquanto era confrontado por provas no Supremo. Nesse contexto, a disputa passa a se dar onde sempre deveria ter ocorrido, no terreno jurídico, com prazos, votos e consequências.
Ao final, o economista sintetizou a encruzilhada brasileira, entre a normalização democrática ou a tolerância com o golpismo. A primeira via exige coerência, inclusive no sistema de justiça, com decisões firmes e executáveis. A segunda, alertou, reabre a temporada de aventuras autoritárias, incentivadas justamente pela ausência de custo.
📺 Programa Democracia no Ar
📅 De segunda à sexta
🕙 Das 10h às 11h
📺 Ao vivo em: https://www.youtube.com/TVAtitudePopular
💚 Apoie a comunicação popular!
📲 Pix: 33.829.340/0001-89