Estudantes da UFRGS, UFV e UnB discutem experiências, descobertas e desafios de integrar a prática da economia solidária à produção científica e à organização social
Rey Aragon
O programa Bancos da Democracia desta semana, produzido por Rizoneide Amorim e com apoio do Instituto e-dinheiro, da Rede de Bancos Comunitários do Brasil e do Instituto Banco Palmas, recebeu três jovens pesquisadoras que aliam formação acadêmica, atuação em campo e engajamento político na economia solidária. Na edição que coincidiu com o Dia do Estudante (11) e o Dia Internacional da Juventude (12), participaram Li Rassier, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Isabela Freitas, vinculada ao Grupo de Estudos Socioambientais da Universidade Federal de Viçosa (UFV), e Marina Comin, da Universidade de Brasília (UnB).
O encontro destacou como a economia solidária, muitas vezes descoberta no ambiente universitário, pode redefinir a trajetória acadêmica e pessoal de jovens pesquisadores. Li Rassier, estudante de administração pública e social e integrante do Núcleo de Estudos em Gestão Alternativa (Nega/UFRGS), contou que o envolvimento veio a partir do contato com professores ligados à área e do trabalho junto a catadores e catadoras de materiais recicláveis. “O que mais me marcou foi perceber uma lógica de vida e de trabalho que vai muito além da relação monetária, algo que contrasta fortemente com o avanço neoliberal nas cidades”, disse.
Isabela Freitas, doutoranda em extensão rural na UFV e com formação em agroecologia, conheceu a economia solidária por meio das incubadoras tecnológicas de cooperativas populares. Atuando em Minas Gerais, ela ressaltou a importância dos fóruns municipais e regionais como espaços de construção de políticas públicas e de fortalecimento da organização coletiva. “Esses encontros mostram a diversidade de realidades e desafios, e como todos se unem para defender um modelo de economia baseado na autogestão e no respeito mútuo”, afirmou.
Já Marina Comin, mestranda em antropologia social pela UnB, desenvolveu seu trabalho de campo dentro do Fórum de Economia Solidária do Distrito Federal e Entorno, do qual também é militante. Sua pesquisa registrou o processo de desocupação do Centro Público de Economia Solidária no DF, analisando como essa disputa evidencia o choque entre políticas neoliberais e iniciativas coletivas. “A economia solidária me deu esperança de futuro em meio a crises sociais e ambientais. É uma outra forma de se relacionar economicamente e de construir sociedade”, afirmou, destacando que sua atuação combina militância, pesquisa e defesa de políticas participativas.
As três convidadas reforçaram que, nesse campo, não é possível separar a produção acadêmica da prática social. As pesquisas resultam de vínculos com comunidades, trocas de saberes e participação direta em lutas locais — seja na resistência a políticas excludentes em Porto Alegre, no fortalecimento de feiras e circuitos curtos de comercialização em Minas, ou na articulação de espaços coletivos no Distrito Federal. Essa integração, afirmaram, é também uma forma de disputar narrativas e influenciar políticas públicas para que respeitem a autonomia e os princípios da economia solidária.
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