Atitude Popular

Le Monde chama condenação de Bolsonaro de exemplar para a democracia

Da Redação

Editorial francês destaca que decisão do STF reforça que poder depende do voto, critica reação dos EUA, e aponta polarização como próximo desafio.

O jornal francês Le Monde publicou em 13 de setembro de 2025 um editorial no qual considera “exemplar” a condenação de Jair Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) — sentença de 27 anos e 3 meses de prisão por liderar organização criminosa que tentou dar um golpe de Estado. Para o periódico, o veredito marca momento de maturidade institucional num país que viveu décadas de regimes autoritários.

Segundo o Le Monde, a condenação após a derrota eleitoral de Bolsonaro em 2022 reafirma que “o exercício do poder depende das urnas e não da destruição das instituições”. O editorial afirma que a decisão é simbólica mesmo diante dos esforços de apoiadores de Bolsonaro para avançarem com proposta de anistia.

O texto observa que a condenação serve como lembrete de algo fundamental, embora devesse ser óbvio: que democracia se sustenta pelo voto, e não pelo uso ou reversão das instituições para alcançar poder.

O Le Monde também comenta que o governo dos Estados Unidos reagiu criticamente à sentença, com o secretário de Estado, Marco Rubio, chamando o processo de “caça às bruxas” e acusando o Judiciário brasileiro de perseguição política. Segundo o editorial, tais atitudes podem empurrar o Brasil para uma aproximação maior com a China, dadas as crescentes tensões com Washington.

O texto compara o caso brasileiro com a situação nos Estados Unidos: lembra como Donald Trump questionou a derrota eleitoral de 2020, sem provas de fraude, e posteriormente concedeu perdões a envolvidos no ataque ao Capitólio, ações vistas pelo jornal como afrontas à democracia. Em contraste, a condenação de Bolsonaro teria se dado com respaldo legal e institucional.

Por fim, o Le Monde ressalta que apesar de simbolizar avanço, a decisão expõe divisões políticas profundas no Brasil. O desafio, conclui o editorial, agora é buscar reconciliação nacional num momento de polarização intensa, com legados de crises sanitárias, ambientais e de confiança institucional ainda por resolver.