Da Redação
Da Jordânia, a deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT-CE), fala pela primeira vez após ser detida ilegalmente por Israel durante a interceptação da flotilha humanitária com destino a Gaza. Ela relata abusos sofridos, agradece à solidariedade recebida e faz um apelo ao mundo pelo povo palestino.
A deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza, Luizianne Lins (PT-CE), divulgou nesta terça-feira, em vídeo gravado na Jordânia, sua primeira declaração pública após os dias de detenção ilegal sofridos por Israel. Luizianne integrava a flotilha humanitária internacional que foi interceptada em águas internacionais, enquanto levava alimentos, fórmulas infantis e medicamentos para a população de Gaza, sitiada há meses por bloqueios militares.
Relato de violações e apelo humanitário
No vídeo, Luizianne fala de maneira emocionada sobre as violações enfrentadas durante a detenção, ocorrida no centro prisional israelense de Ketziot, uma das unidades mais severas do país. Ela descreve condições degradantes, isolamento, restrições de comunicação e interrogatórios abusivos.
“Fomos tratados como criminosos por levar ajuda humanitária. Fomos presos por tentar salvar vidas. O que Israel faz com o povo palestino é inaceitável, é desumano e precisa ser denunciado ao mundo”, afirmou.
A parlamentar reforçou que sua participação na flotilha foi motivada pelo compromisso com a defesa dos direitos humanos e pela solidariedade internacional. Emocionada, destacou que o sofrimento do povo palestino vai muito além da guerra: “São famílias inteiras sendo punidas pela fome, pela sede e pelo medo. É o genocídio de um povo diante da omissão internacional.”
Reconhecimento à Embaixada do Brasil
Luizianne agradeceu a solidariedade recebida no Brasil e em diversos países, que mobilizou parlamentares, organizações sociais e entidades humanitárias. Ela fez reconhecimento especial à Embaixada do Brasil na Jordânia, ao embaixador Márcio Fagundes do Nascimento e a toda a equipe consular, que prestaram acolhimento e apoio durante o período mais crítico de sua libertação e repatriação.
“Meu agradecimento profundo ao corpo diplomático brasileiro, que atuou com humanidade e firmeza. Em momentos assim, a presença do Estado brasileiro faz toda a diferença”, declarou a deputada.
Contexto internacional e repercussão
A detenção de Luizianne provocou reações imediatas no Brasil e no exterior. Parlamentares, juristas e movimentos de direitos humanos classificaram o episódio como violação do direito internacional marítimo, uma vez que a interceptação ocorreu em águas internacionais, e que os tripulantes atuavam em missão humanitária reconhecida por entidades multilaterais.
Analistas afirmam que a prisão da flotilha simboliza o avanço do cerco israelense contra ações civis de solidariedade e reforça o isolamento de Gaza como instrumento político e militar. Desde o início da ofensiva, Israel tem sido acusado de praticar crimes de guerra e de genocídio, com milhares de civis mortos e infraestrutura civil deliberadamente destruída.
A libertação dos detidos foi resultado de intensa pressão diplomática e mobilização internacional, incluindo manifestações em capitais europeias e latino-americanas. Para muitos, o episódio reforça o protagonismo brasileiro na defesa do direito humanitário e da paz, pilares da política externa conduzida pelo governo Lula.
Retorno ao Brasil
Luizianne Lins retorna ao Brasil nesta quinta-feira, 9 de outubro, desembarcando no Aeroporto Internacional de Guarulhos (SP). De lá, seguirá para o Ceará, onde deve participar de ato público e conceder entrevistas sobre os desdobramentos da viagem e as denúncias de violações cometidas pelo Estado de Israel.
O retorno da parlamentar é aguardado com ampla mobilização de movimentos sociais, sindicatos, entidades de solidariedade à Palestina e parlamentares de diferentes partidos, que consideram sua detenção uma grave afronta aos princípios de soberania e ao direito humanitário.
Conclusão
O testemunho de Luizianne Lins ecoa como um grito de denúncia e resistência. Mais do que um relato pessoal, é um alerta sobre a escalada da violência e do autoritarismo nas ações de Israel contra o povo palestino e contra aqueles que tentam prestar ajuda.
Em suas palavras finais, a deputada sintetizou o espírito da missão:
“Não se trata apenas de solidariedade, mas de humanidade. Que o mundo acorde para o sofrimento em Gaza e se una para pôr fim a essa tragédia.”