Da Redação
Ao regressar ao Brasil após prisão em águas internacionais, a deputada Luizianne Lins afirma que a missão da flotilha foi simbólica e geopolítica, denunciando o bloqueio à Gaza e reafirmando solidariedade à população palestina.
Nesta quinta-feira, 9 de outubro de 2025, a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE) desembarcou em solo brasileiro e concedeu entrevista contundente após integrar a Flotilha Global Sumud, ação humanitária que tentou romper o bloqueio israelense à Faixa de Gaza. A parlamentar e outros 13 ativistas brasileiros haviam sido detidos ilegalmente por Israel em águas internacionais enquanto transportavam ajuda humanitária ao território sitiado.
Lins declarou que, ainda que a missão não tenha chegado a Gaza propriamente dita, teve impacto simbólico profundo: “movemos corações e mentes no mundo inteiro”, afirmou. Para ela, a flotilha representa uma herança da longa trajetória de resistência do povo palestino: são 80 anos de luta por autodeterminação e cerca de 18 anos de bloqueio persistente, segundo sua avaliação.
A parlamentar comparou os desafios enfrentados pelos ativistas durante a missão com os sofrimentos vividos pela população de Gaza. “Passamos por muitas dificuldades, mas elas não chegam nem perto do que os palestinos vêm sofrendo”, disse em entrevista no aeroporto de Guarulhos, onde foi recebida por apoiadores e militantes.
Luizianne também fez severas críticas à ação militar israelense, denunciando o que chamou de genocídio em curso contra civis palestinos. Para ela, é preciso intensificar a visibilidade internacional do drama humanitário: “É importante denunciar cada vez mais o genocídio em Gaza”, afirmou. A flotilha, em sua visão, não foi apenas uma operação de entrega de suprimentos, mas um gesto político que visa mobilizar opinião pública global para a causa palestina.
A deputada e os demais ativistas participaram de uma campanha internacional chamada “Global Sumud”, articulada por redes de solidariedade, entidades humanitárias e parlamentares progressistas de vários países. O objetivo central era trazer atenção política para o bloqueio e a situação de emergência em Gaza, mesmo correndo risco de prisão ou hostilidades.
O retorno da delegação ao Brasil gerou repercussão em setores da esquerda, movimentos sociais e redes de solidariedade internacional. Alguns analistas sustentam que operações desse tipo desempenham papel importante em constranger diplomacias ocidentais e governos aliados de Israel a prestarem atenção ao sofrimento civil. Críticos, por sua vez, argumentam que essas missões são simbólicas demais e têm risco elevado sem controle operacional.
No Brasil, a presença de uma parlamentar como Luizianne reforça o aspecto político-institucional da ação: trata-se de usar mandato e visibilidade pública para legitimar a narrativa de solidariedade e denunciar situações de guerra como crises humanitárias globais. Para setores da base aliada ao governo, essa estratégia atua como complemento à diplomacia oficial brasileira, enquanto pressiona o Estado a assumir postura mais ativa no debate internacional.
Em resumo, ao regressar ao Brasil, Luizianne Lins aproveitou para transformar a prisão em ato simbólico e reforçar a narrativa de que sua participação na Flotilha Global Sumud foi muito além de tentativa de entrega física de ajuda: foi um dispositivo de mobilização global de emoções e de consciência política. A operação será lembrada por ter visibilidade midiática e simbólica — seu legado, segundo a deputada, será medir sua capacidade de movimentar “corações e mentes” e contribuir para que o sofrimento de Gaza não seja silenciado.