Da Redação
Durante evento em Imperatriz (MA), o presidente Lula desferiu críticas duras a Jair Bolsonaro, atualmente condenado no processo da trama golpista, e o chamou de “praga”. A declaração ocorre num momento de acirramento político intenso.
Discurso em Imperatriz e o termo “praga”
Em cerimônia de entrega de moradias pelo programa Minha Casa, Minha Vida, realizada em Imperatriz, Maranhão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva dirigiu-se diretamente ao seu antecessor, dizendo:
“Por Deus do céu, não sei o que aquela praga que governou o país veio fazer antes de mim.”
Afirmou ainda que Bolsonaro foi condenado por liderar a trama golpista e questionou o legado deixado por seu governo. Em parte do discurso, Lula também projetou expectativas sobre esforços legislativos, afirmando que o Senado deverá seguir a Câmara ao aprovar a isenção de Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil mensais — medida que ele classificou como “um passo civilizatório em defesa dos trabalhadores”.
Contexto da condenação no processo da Trama Golpista
A condenação à qual Lula se refere é resultado da Ação Penal 2668, julgada pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal, que envolveu acusações de tentativa de golpe de Estado, organização criminosa armada, dano qualificado e abolição violenta do Estado Democrático de Direito — crimes relacionados à transição de 2022 para 2023.
Jair Bolsonaro foi condenado a 27 anos e 3 meses de prisão, somando reclusão e detenção, além do pagamento de multa. O julgamento foi considerado um marco histórico, tanto pela robustez das provas apresentadas quanto pelo entendimento do STF de que houve uma tentativa deliberada de subversão da ordem constitucional.
Repercussão política e simbolismo
1. A retórica de Lula
A escolha da palavra “praga” tem peso político e simbólico. Lula não apenas reafirma a condenação judicial, mas também busca cristalizar Bolsonaro como um símbolo do autoritarismo derrotado. O termo reforça a narrativa de que o país venceu uma era de obscurantismo e se reencontra com seus valores democráticos.
2. Polarização e institucionalidade
A fala do presidente ocorre em meio à intensificação do debate público sobre a necessidade de responsabilização de quem atentou contra as instituições. Lula reafirma que a democracia brasileira resistiu à tentativa de golpe e que o país segue consolidando um novo ciclo político, com foco em inclusão social e estabilidade institucional.
3. Reação da oposição
Aliados de Bolsonaro reagiram à fala, acusando o presidente de usar linguagem “odiosa”. No entanto, dentro do campo progressista, a declaração foi vista como uma resposta moral e simbólica necessária à memória recente do país — um contraponto à tentativa de reescrever os fatos e minimizar os crimes cometidos.
A força simbólica do discurso
O tom duro de Lula é também um ato de reafirmação da história. Chamar Bolsonaro de “praga” é, antes de tudo, uma forma de marcar o contraste entre dois projetos de país: um voltado à democracia e outro que tentou destruí-la.
A retórica opera no campo da memória coletiva — evoca a purificação do mal político, a expulsão simbólica do autoritarismo e o resgate da soberania popular. É um gesto de linguagem que inscreve no imaginário nacional uma fronteira moral entre o Brasil da Constituição e o Brasil da barbárie.
Impactos e leituras políticas
- Reforço da autoridade presidencial: Lula consolida sua imagem como líder que não teme confrontar o passado e que fala diretamente ao povo.
- Mobilização da base: A fala energiza militantes e reforça o discurso de resistência democrática.
- Reação conservadora: A oposição tentará capitalizar o tom emocional da fala para acusar Lula de revanchismo, mas o impacto popular tende a ser maior entre os que veem o presidente como guardião da democracia.
- Pressão internacional: O episódio também repercute fora do país, como sinal de maturidade institucional — um ex-presidente condenado por golpe e um presidente eleito reafirmando o Estado de Direito.
Conclusão
A declaração de Lula, chamando Bolsonaro de “praga”, ultrapassa o limite da crítica política e entra no campo da história. Ela representa o fechamento simbólico de um ciclo de trevas e o início de um novo capítulo da democracia brasileira. É um ato político e moral que reafirma: a Constituição de 1988 venceu — e o país não voltará atrás.