Atitude Popular

Lula defende economia solidária como motor do Brasil real

Na abertura da 4ª Conferência Nacional de Economia Solidária, presidente afirma que o país sairá do mapa da fome e reforça que a microeconomia precisa ser valorizada para fortalecer a democracia e a soberania nacional

Da Redação

Brasília – Na abertura da 4ª Conferência Nacional de Economia Solidária (CONAES), no Palácio do Planalto, o presidente Lula defendeu a economia solidária como um dos pilares do “Brasil real” e pediu que cooperativas, associações e movimentos populares mantenham a pressão sobre o governo para garantir avanços concretos no setor. O evento, interrompido por 11 anos, foi retomado com a presença de lideranças de todo o país, ministros e representantes de empreendimentos autogestionados. As informações foram registradas em transmissão oficial do governo federal.

Lula iniciou seu discurso relembrando retrocessos desde o impeachment de Dilma Rousseff, como a queda na produção industrial, o abandono de políticas sociais e a extinção de ministérios. “O Brasil precisa voltar a garantir igualdade de oportunidades, porque quando a renda é distribuída, o povo consome mais, a economia gira e o país cresce”, disse. O presidente criticou a demora na regulamentação da lei nacional da economia solidária e pediu que o movimento não hesite em exigir respostas. “Não tenham vergonha de cobrar soluções e apoio. A cobrança de vocês é o que nos obriga a agir.”

O presidente também fez duras críticas à interferência externa e aos ataques à democracia brasileira, reafirmando a defesa da soberania e a importância de regular as plataformas digitais. Ao abordar a política internacional, defendeu o multilateralismo e as negociações comerciais equilibradas. “Não podemos ser subalternos, temos que ter voz nas decisões que afetam o mundo e o nosso povo”, afirmou. Lula destacou ainda que a crise econômica pode ser transformada em oportunidade para fortalecer a produção interna, ampliar compras públicas e consolidar o mercado nacional.

No encerramento, o presidente celebrou avanços sociais e anunciou que o Brasil deixará o mapa da fome. “Vamos elevar o padrão de vida do povo brasileiro e isso só será possível com persistência, organização e valorização da microeconomia. O fortalecimento das cooperativas é parte fundamental dessa luta.” Ele concluiu convocando os presentes a manterem o compromisso até a vitória.

A conferência também foi marcada por falas emocionadas de representantes do movimento. Tatiane Valente, do Fórum Nacional de Economia Solidária, disse que o segundo plano nacional precisa ser “efetivo e transformador” e defendeu a criação do Sistema Nacional de Finanças Solidárias. “Fortalecer a economia solidária é fortalecer o Brasil real.” Fátima Torres, da União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Solidária, destacou que o setor “vai além da Lei Geral do Cooperativismo” e pediu autonomia para as cooperativas sem obrigatoriedade de filiação.

Maurício da Costa, da Uniforja, lembrou que a cooperativa nasceu da recuperação de uma fábrica falida, com apoio sindical, e hoje mantém mais de 300 trabalhadores. Diego Moreira Ramos, da União Nacional das Cooperativas da Reforma Agrária Popular, homenageou militantes assassinados e reforçou que a economia solidária é também um ato de resistência política.

Os ministros Márcio Macedo e Luís Marinho anunciaram medidas para regulamentar a lei da economia solidária até novembro e implantar o Sistema Nacional de Finanças Solidárias. Marinho afirmou que o setor deve representar, no futuro, “um percentual significativo do PIB brasileiro”.

A 4ª CONAES segue com debates e propostas para o novo plano nacional, reunindo experiências que vão da agricultura familiar à indústria autogestionada, reafirmando a economia solidária como alternativa concreta de desenvolvimento com justiça social.

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