Da Redação
Durante inauguração de fábrica da BYD na Bahia, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou acreditar que os impasses tarifários com os Estados Unidos serão resolvidos, citou conversa recente com Trump e defendeu política externa multilateral.
Nesta quinta-feira, 9 de outubro de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva declarou otimismo em relação à superação das tensões comerciais entre Brasil e Estados Unidos. Ao inaugurar uma nova unidade da montadora chinesa BYD em Camaçari (Bahia), ele afirmou acreditar que o chamado “tarifaço” imposto por Washington será solucionado.
Lula disse que o Brasil não tem preferência por países e que busca manter uma relação “civilizada” com todas as nações. Ele criticou as tarifas americanas aplicadas a produtos brasileiros, sugerindo que foram baseadas em argumentos falhos, e disse que conversou por cerca de 30 minutos com o presidente Donald Trump por telefone na segunda-feira (6). “Acho que nosso problema com os EUA será resolvido”, afirmou.
Segundo o presidente, o Brasil quer manter bom relacionamento com China, Estados Unidos, Argentina, Uruguai e Bolívia, evitando hostilidades diplomáticas. Ele disse que não deseja que nenhum país “meta o dedo no nosso nariz” e que o Brasil exige respeito em sua atuação internacional.
Durante o discurso, Lula também afirmou que continuará fortalecendo laços com a China e agindo no âmbito do Sul Global — conceito que reúne países em desenvolvimento como atores econômicos e diplomáticos relevantes. Ele ressaltou que se considera próximo ao presidente Xi Jinping e que espera reciprocidade no tratamento entre Brasil e China.
A declaração ocorre num momento de atrito comercial: os EUA impuseram tarifas elevadas a produtos brasileiros, em um movimento que o governo brasileiro chamou de “tarifaço”. Esse conflito tem implicações para exportações brasileiras, cadeias industriais e negociações diplomáticas. A fala de Lula busca transmitir confiança de que, apesar das dificuldades, o diálogo e a diplomacia permitirão reverter a situação.
Do ponto de vista político, a declaração pode cumprir três objetivos estratégicos: reforçar a postura de independência do Brasil nos fóruns internacionais, mostrar que o governo não está acuado frente às pressões comerciais e sinalizar ao mercado e à indústria nacional que a resolução do impasse está nos horizontes de sua agenda diplomática.
Naturalmente, a trajetória de superação depende de variáveis externas: disposição americana para flexibilizar tarifas, influência de organismos multilaterais e capacidade do Itamaraty de negociar concessões e salvaguardas. O governo brasileiro terá que calibrar as respostas tributárias e comerciais para proteger interesses industriais sem comprometer parcerias estratégicas.
Em suma, na Bahia, Lula lançou uma mensagem clara: mesmo diante de tensões comerciais com os EUA, ele mantém convicção de que a via diplomática ainda é o caminho viável para reverter o “tarifaço”. O tempo e os movimentos diplomáticos nos próximos meses revelarão se essa aposta será bem-sucedida.