Da Redação
Em ligação de quase uma hora, Lula e Macron discutiram o impacto das tarifas americanas, defenderam o multilateralismo, reforçaram metas climáticas para a COP30 e reiteraram apoio à paz na Ucrânia.
Na manhã desta quarta-feira, 20 de agosto de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva manteve uma conversa por telefone com o presidente francês Emmanuel Macron, segundo nota oficial do Palácio do Planalto. O diálogo durou cerca de uma hora e abordou temas relevantes das agendas bilateral e global, como comércio, meio ambiente, paz e segurança.
Lula repudiou o uso político das tarifas comerciais imposto pelos Estados Unidos e informou a Macron sobre as medidas adotadas pelo Brasil para proteger trabalhadores e empresas, além de destacar que o país recorreu à OMC. Apesar de rejeitar instrumentos unilaterais como a seção 301 americana, ele ressaltou que o Brasil segue comprometido com a abertura de mercados, citando o acordo Mercosul–EFTA e as negociações em curso com Japão, Vietnã e Indonésia. Ambos concordaram em intensificar esforços para assinatura do Acordo Mercosul–União Europeia ainda neste semestre.
O clima bilateral também envolveu a pauta climática. Lula descreveu a COP30, que ocorrerá em Belém, como “a COP da verdade”, defendendo ambiciosas metas brasileiras e cobrando comprometimento equivalente por parte da União Europeia. Macron confirmou sua presença no evento e manifestou apoio à sua realização na capital paraense.
Na esfera internacional, os presidentes dialogaram sobre a guerra na Ucrânia. Macron elogiou o papel do Grupo de Amigos da Paz, liderado por Brasil e China, e ambos destacaram a importância de manter o diálogo aberto. Lula expressou preocupação com o crescente gasto militar global e lembrou que cerca de 700 milhões de pessoas ainda passam fome, mencionando que o país saiu recentemente do Mapa da Fome da FAO e que é urgente reformar instituições multilaterais para torná-las mais democráticas.
Também foi pactuada uma maior cooperação na área de defesa entre os dois países. Lula e Macron reafirmaram o compromisso de fortalecer suas parcerias estratégicas, especialmente entre países desenvolvidos e o Sul Global.