Atitude Popular

Lula ironiza adversários e sinaliza candidatura em 2026

Da Redação

Em entrevista à rádio baiana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que «nossos adversários devem estar mais preocupados que eu», afirmou que a decisão sobre candidatura dependerá do partido e da saúde, e indicou disposição de disputar novo mandato.

Nesta quinta-feira, 9 de outubro de 2025, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou sua disposição de disputar um novo mandato em 2026, ainda que mantenha cautela sobre a decisão definitiva. Em entrevista à Rádio Piatã FM, de Salvador, Lula ironizou seus adversários dizendo que “eles devem estar mais preocupados que eu”. O presidente afirmou que, se mantiver o mesmo vigor físico e entusiasmo, “não vai hesitar” em concorrer novamente.

Lula destacou que sua candidatura não será uma decisão individual, mas coletiva, que dependerá do Partido dos Trabalhadores e de seus aliados. “Não depende só de mim. Depende do partido, de outras pessoas que estão comigo. Eu sou um homem de 80 anos de idade, mas um homem ou uma mulher que tem uma causa para lutar não fica velho”, afirmou. Segundo ele, “se eu estiver do jeito que estou, serei candidato para ganhar as eleições”.

A declaração ocorre num momento de reconfiguração do cenário político. Pesquisas recentes, como a Genial/Quaest, apontam empate técnico entre aprovação e desaprovação do governo, com leve vantagem positiva, e indicam Lula liderando em todos os cenários testados para 2026. Essa combinação de estabilidade e confiança reforça a leitura de que o presidente está em posição politicamente confortável para disputar, caso decida fazê-lo.

Lula também ironizou o comportamento de seus opositores e indicou que parte da ansiedade política vem deles: “Eles sabem que vai ser difícil derrotar a gente numa eleição”, afirmou. O tom de provocação é interpretado como mensagem dupla — de confiança no próprio desempenho e de tentativa de manter a oposição em posição defensiva.

Nos bastidores do PT, o discurso foi recebido como um sinal claro de que Lula pretende manter-se ativo na articulação política até o último momento antes das convenções partidárias. A ideia é medir o ambiente político e social antes de oficializar qualquer movimento, mantendo a base mobilizada e os adversários em incerteza.

A oposição, por sua vez, ainda não definiu uma liderança consolidada. Nomes como Tarcísio de Freitas, Michelle Bolsonaro e Ciro Gomes são frequentemente citados em levantamentos, mas nenhum deles apresentou até agora uma estrutura nacional comparável à do petismo. O campo conservador também enfrenta divisões internas, com o bolsonarismo fragilizado e disputas regionais em aberto.

O tom de confiança de Lula tem sido interpretado por analistas como parte de uma estratégia discursiva clássica: ocupar o espaço político antes dos rivais, marcar presença constante na agenda pública e transformar cada aparição em ato simbólico de pré-campanha. A fala sobre os “adversários preocupados” carrega esse sentido: é ao mesmo tempo uma ironia e uma advertência.

Com oito décadas de vida e mais de cinquenta anos de militância, Lula projeta a imagem de resistência. Sua estratégia retórica mistura humor, desafio e otimismo, compondo o que aliados chamam de “narrativa da vitalidade” — um contraponto direto às tentativas de enquadrá-lo como um líder envelhecido. Para o entorno do Planalto, essa postura serve tanto para mobilizar a base quanto para testar a temperatura do debate público.

O presidente reiterou que não tomará decisões apressadas e que o critério central será sua disposição pessoal e a vontade do partido. “Não quero enganar ninguém. Se estiver bem, serei candidato. Se não estiver, ajudarei outro a ganhar”, disse. Ainda assim, o tom do discurso e a ironia calculada indicam que Lula já se enxerga, mais uma vez, no centro da disputa.

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